domingo, janeiro 31, 2010
sábado, janeiro 30, 2010
dívidas
Apareciam-lhe em sonhos homens de barba grisalha vestidos de túnica, filósofos da Grécia Antiga. Falavam-lhe, perplexos, do sentido de um país estar suspenso por agências de rating, o endividamento, os yelds, os mercados financeiros. A dívida externa. Sorrindo, entretinham-se num exercício irónico: estimar o montante da dívida estrangeira - acumulada ao longo de séculos, sob as mais etéreas formas - para com aquele berço da civilização ocidental.
sexta-feira, janeiro 29, 2010
as cidades e as casas (VI)
"As cidades excessivamente preservadas, como Óbidos, são creepy. A última vez que lá estive, no Natal do ano passado, à procura de uma única ginjinha caseira (que não encontrei), senti o mesmo arrepiante desconforto de artificialismo e de regimentação que senti quando visitei a Disneylândia da Califórnia. Idealmente, a parte desses 200 mil milhões que se pouparia em não reabilitar edifícios que, apesar de degradados, ficam melhores como estão, poderia ser gasta na demolição dos mamarrachos de que nem sequer os habitantes gostam. Preservar a paisagem portuguesa não é só reabilitar. É também demolir e construir."
(Miguel Esteves Cardoso, no Público de 14 de Janeiro)
(Miguel Esteves Cardoso, no Público de 14 de Janeiro)
quinta-feira, janeiro 28, 2010
o círculo e a elipse
Um dos momentos mais sugestivos de Ágora, que revela o talento de Alejandro Amenábar para condensar em instantes o essencial do que quer transmitir (através de imagens ou palavras), encontra-se no grande plano do Appolonian Cone de Hypatia. Focando na vertical uma das suas peças intermédias, a câmara mostra um círculo (que se supunha ser a forma matricial que fixa o movimento dos planetas), na sua pura perfeição (tida como assinatura da criação divina). Mas ao deslizar para a esquerda, ajustando-se à inclinação da peça, a câmara desenha lentamente uma elipse, assim sugerindo a mudança paradigmática que separa o geocentrismo do heliocentrismo. Mesmo em termos literais, este movimento traduz uma poderosa metáfora da mudança de perspectiva (e da superação da geometria plana de Euclides). Mas sugere mais do que isso. Demonstra a emergência de um mundo novo para o pensamento, capaz de transcender o pressuposto da existência de uma única perspectiva possível. A razão que reconhece a pluralidade de ângulos torna-se assim capaz de dissolver, nos seus fundamentos, o monolitismo dogmático, obscurantista (e bárbaro), reivindicando pensar para lá das fronteiras do convencionado e da suposta pureza inquestionável das coisas.
quarta-feira, janeiro 27, 2010
terça-feira, janeiro 26, 2010
factores de confiança
"Sobre a decisão de manter a não-tributação das mais-valias mobiliárias, o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, disse: "acontece que nós estamos num arranque ainda muito moderado da economia e dos factores da confiança, e nós temos o sentido da responsabilidade e o sentido da responsabilidade passa também pelo sentido da oportunidade (...) é preciso dar confiança aos mercados". Esta explicação não colhe, porque os factores de confiança que neste momento importa reforçar não têm grande relação com a rentabilidade dos mercados de capitais. Mais, tendo em conta as preocupações recentes das agências de rating com endividamento português, torna-se difícil de perceber em que medida é que um aumento de receitas fiscais poderia ser negativo. A manutenção desta isenção não tem qualquer justificação. É uma pena que o PS não reconheça isto."
(João Galamba, Jugular)
(João Galamba, Jugular)
segunda-feira, janeiro 25, 2010
domingo, janeiro 24, 2010
paradoxos
Passeando um pouco pela blogosfera, constata-se serem sobretudo os cépticos da primeira hora quem hoje se sente mais defraudado com Obama. Já os que nele viram uma oportunidade efectiva de mudança (sem deixar de atender ao quadro de dificuldades e circunstâncias), entre os quais me incluo, dão sinais de nunca ter alimentado expectativas tão elevadas. À exigência céptica dos primeiros parece corresponder a esperança realista dos segundos.
sábado, janeiro 23, 2010
sai fumo das casas
"Não acredito em fantasmas, mas as casas isoladas acreditam, sobretudo as mais velhas. (...) A vantagem de uma aldeia é que os bosques são já ali, mas até há lá gente. (...) Vemos em Janeiro as couves que havemos de comer. Sai fumo das casas, ladram cães, quando chove há lama, depois a erva brilha. Nada de mal nos pode acontecer. É uma aldeia portuguesa e não um filme de David Lynch. (...) Contaram-me que os donos da casa abandonada andam na América. (...) Terá havido um tempo em que esta casa era a mais bonita da aldeia, com o seu alprendre, os seus beirais, toda ocre. Hei-de perguntar quem foram os últimos a viver lá. Ou talvez não. Se lhes mexo ainda acordam."
(Da crónica de Alexandra Lucas Coelho, no Público de 15 de Janeiro)
(Da crónica de Alexandra Lucas Coelho, no Público de 15 de Janeiro)
sexta-feira, janeiro 22, 2010
ensaios sobre o pudor (II)
"Vejo e oiço na RTP1 José Rodrigues dos Santos, de pé na redacção com um ecrã com imagens do Haiti atrás dele, a dizer «bateu-se o record das amputações no Haiti». A fussanga (sim, não sei se esta palavra existe mesmo ou se escreve assim) do horror, o precipitar dos repórteres sobre a tragédia, o degustar dos limites faz-me ter saudades dos ecrãs negros da 1ª Guerra do Golfo. Um pouco de silêncio - não, não quero imagens em câmara lenta com música triste, ouviste, Cândida? -, um pouco de pudor. Porra, esta merda é de mais. O record das amputações emocionais - sempre, sempre. Mais longe, mais alto, mais forte."
(Fernanda Câncio, Jugular, 19 de Janeiro)
(Fernanda Câncio, Jugular, 19 de Janeiro)
quinta-feira, janeiro 21, 2010
quarta-feira, janeiro 20, 2010
da tradição de condecorar
Quando se atribui uma condecoração (um acto cuja natureza é intrinsecamente distintiva), tendo apenas em vista "cumprir o dever e a tradição de condecorar", é não só o carácter excepcional da cerimónia que se perde, mas também - e sobretudo - a própria natureza distintiva que essa condecoração pressupõe.
terça-feira, janeiro 19, 2010
as cidades e as casas (V)
"Não existe o direito de ter um prédio a cair. Tal como não existe o direito de guiar um carro sem travões ou poluente (...). A propriedade de um prédio não é coisa que venha sem obrigações. Esse é um equívoco que engendra outros equívocos de todas as partes envolvidas, sem excepção: a ideia de que os exemplos de prédios integralmente ocupados com rendas baixas (cada vez menos) podem servir de desculpa para situações de incúria em prédios praticamente vazios; a ideia de que o Estado pode ser o primeiro proprietário negligente; a ideia de que às autoridades públicas cabe, sempre, pagar toda a factura do rearranjo dos prédios. O Rossio de Lisboa foi recuperado com dinheiros públicos há uma década. Hoje tem prédios com telhados cobertos de folha de alumínio. Lamento, mas isto não é cidade que se respeite."
(Rui Tavares, 23 de Dezembro de 2009)
(Rui Tavares, 23 de Dezembro de 2009)
segunda-feira, janeiro 18, 2010
domingo, janeiro 17, 2010
sábado, janeiro 16, 2010
o estado, esse malvado
"O voto não é um instrumento da democracia, o voto é um instrumento do Estado para dominar e controlar a democracia, o voto é o procedimento por excelência do Estado para controlar os destinos de toda a sociedade. Através do voto o Estado controla sobretudo o presente e o futuro dos colectivos. Através do voto o Estado sabe que esse presente e esse futuro nunca cairão na “aleatoriedade do acontecimento”." (Carlos Vidal, no 5 dias)
O Estado democrático, com eleições e assim, é uma pessoa que acorda em regra muito mal-disposta, despenteada e cheia de remela nos olhos. O sossego que lhe dá ter controlo sobre tudo (os votos, as pessoas, a democracia e muitas outras coisas), causa-lhe um tédio imenso e por isso acorda tantas vezes irritado. E então quando se olha de manhã ao espelho e vê uma borbulha (ah, é verdade, as borbulhas por acaso ele não controla assim muito), fica mesmo aborrecido. Pois fica. E toca de se vingar em tudo o que lhe aparece à frente. Ele é dominar a democracia, ele é controlar os destinos da sociedade. Até ao presente e ao futuro dos colectivos deita a mão, não vão eles cair na aleatoriedade do acontecimento. Isto é o Estado democrático, uma pessoa com muito mau carácter. Os outros Estados, primos dele, diz que também são mais ou menos assim, pessoas malvadas, com muito poder.
E o 5 dias tem lá uns intelectuais muito engraçados.
sexta-feira, janeiro 15, 2010
aprender com a europa
"Uma das respostas que tenho estado a obter com o meu artigo "A Europa não é um buraco económico infernal", é a queixa, dos conservadores claro, de que a Europa apenas é capaz de prosperar porque nós americanos estamos a carregar com o peso todo da defesa da liberdade.
Estive tentado a reagir a isto de duas maneiras:
1. Hei, vocês estão a mudar a linha de argumentação da vossa história: antes, o falhanço da Europa demonstrava o vosso ponto de vista, agora - quando se sabe que os vossos dados estavam errados - a performance da Europa já não prova nada; ou
2. Bem, nesse caso, têm que estar de acordo com as pessoas que, à esquerda, defendem que as despesas militares são uma drenagem terrível para a economia americana. Certo?
Mas a verdadeira história é: olhar para os números. Um gráfico muito apropriado dos Serviços de Investigação do Congresso - sim, um pouco desactualizado, mas as mudanças não terão sido muitas.
É verdade, nós gastamos mais em defesa do que os principais países europeus. Mas a diferença está na ordem dos 1 ou 2% do PIB. E isso está longe de ser suficiente para explicar por que razão eles conseguem poupar recursos tão significativos, que lhes permitem manter Estados de Bem-estar tão fortes."
(Paul Krugman, White Man’s Burden?, Janeiro de 2010)
Estive tentado a reagir a isto de duas maneiras:
1. Hei, vocês estão a mudar a linha de argumentação da vossa história: antes, o falhanço da Europa demonstrava o vosso ponto de vista, agora - quando se sabe que os vossos dados estavam errados - a performance da Europa já não prova nada; ou
2. Bem, nesse caso, têm que estar de acordo com as pessoas que, à esquerda, defendem que as despesas militares são uma drenagem terrível para a economia americana. Certo?
Mas a verdadeira história é: olhar para os números. Um gráfico muito apropriado dos Serviços de Investigação do Congresso - sim, um pouco desactualizado, mas as mudanças não terão sido muitas.
É verdade, nós gastamos mais em defesa do que os principais países europeus. Mas a diferença está na ordem dos 1 ou 2% do PIB. E isso está longe de ser suficiente para explicar por que razão eles conseguem poupar recursos tão significativos, que lhes permitem manter Estados de Bem-estar tão fortes."
(Paul Krugman, White Man’s Burden?, Janeiro de 2010)
quinta-feira, janeiro 14, 2010
família addams
(Conselho de Administração, via 31 da Armada)
Há qualquer coisa de aristocrático (e sinistro) nesta fotografia que acompanha o Relatório de 2008 do Banco de Portugal (não, não é a mobília, nem a decoração, nem os quadros da parede).
quarta-feira, janeiro 13, 2010
lucy in the sky with diamonds (II)
Depois de Laurinda Alves, João César das Neves e Maria José Nogueira Pinto juntam-se ao clube, com duas entradas muito competitivas (serão os efeitos de um lote natalício de polvo estragado ou, como alguém sugeriu, o DN anda mesmo a pagar aos colunistas com lexotans marados?).
"Adormeci e no meu sonho vi-me num grande campo com uma multidão incontável. Um enorme cartaz mesmo em frente dizia “Parada das religiões”. De facto, tudo parecia orientado para um cortejo imenso que percorria uma estrada no meio do campo. Toda aquela gente, que compreendi ser a humanidade inteira, se amontoava dos dois lados do caminho, vendo avançar os carros referentes a cada crença."
João César das Neves
"«Mãe, mãe!», ouço eu, emergindo de um sono profundo povoado de sonhos insólitos (faço parte da segurança de José Sócrates, vejo um homem vestido de negro que desce de um arranha-céus preso por uma corda para matar o primeiro-ministro e eu carrego num botão, abre-se um toldo, o homem desequilibra-se e cai, eu salvo Sócrates, que não me agradece), movida pela certeza de que algo se passa e tenho de acordar imediatamente."
Maria José Nogueira Pinto
"Adormeci e no meu sonho vi-me num grande campo com uma multidão incontável. Um enorme cartaz mesmo em frente dizia “Parada das religiões”. De facto, tudo parecia orientado para um cortejo imenso que percorria uma estrada no meio do campo. Toda aquela gente, que compreendi ser a humanidade inteira, se amontoava dos dois lados do caminho, vendo avançar os carros referentes a cada crença."
João César das Neves
"«Mãe, mãe!», ouço eu, emergindo de um sono profundo povoado de sonhos insólitos (faço parte da segurança de José Sócrates, vejo um homem vestido de negro que desce de um arranha-céus preso por uma corda para matar o primeiro-ministro e eu carrego num botão, abre-se um toldo, o homem desequilibra-se e cai, eu salvo Sócrates, que não me agradece), movida pela certeza de que algo se passa e tenho de acordar imediatamente."
Maria José Nogueira Pinto
terça-feira, janeiro 12, 2010
a gente diagnostica, sr. doutor
À saída de um encontro com Cavaco Silva, em que defendeu a receita sempre única e sempre mágica do corte na despesa pública para evitar o descalabro da economia, ouviu-se João Salgueiro (que liderou a Associação Portuguesa de Bancos na última década) dizer à RTP: "Nós não temos que enganar as pessoas. Eu não gostaria, se tivesse uma doença grave, que o meu médico me enganasse. A primeira coisa é que me diga exactamente o que é que eu tenho. E eu acho que ainda não se está a fazer isso". Mas não é difícil dar uma ajudinha. O que nós temos, entre outras questões, são bancos com lucros muito lindos (os mais lindos de todos) que não só pagam menos impostos do que a generalidade das empresas, como sabem bem o que fazer para deles fugir (*). O que nós temos é um sistema bancário que, ao longo dos últimos anos, engendrou as estratégias mais ardilosas para vender dinheiro, muito dinheiro aparentemente fácil, que gerou a espiral de endividamento conhecida (endividamento das famílias, mas que é também endividamento, externo e privado, do país). O "cidadão ex-Presidente da APB" podia incluir estes dados no diagnóstico clínico ontem apresentado a Cavaco Silva? Podia, mas não era a mesma coisa.
(*) No primeiro semestre de 2009 o lucro dos quatro maiores bancos privados subiu 17,4%, tendo os impostos pagos diminuído 16,7% face ao período homólogo de 2008.
segunda-feira, janeiro 11, 2010
domingo, janeiro 10, 2010
do declínio da europa
"Manzi assegura que ter uma social-democracia de tipo europeu é terrível para o crescimento: «Desde 1980, a parcela da América na produção mundial tem-se mantido nos 21%. A parcela da Europa, no mesmo período, colapsa perante a competição global - de um pouco menos de 40% da produção global nos anos 70 para os cerca de 25% actuais. Ao optar pela social-democracia, em vez de um capitalismo inovador, a Europa cede a sua parte à China (predominantemente), Índia, e ao resto do mundo em desenvolvimento».
(...) Mas como Jonathan Chait rapidamente assinalou, a definição de Manzi de Europa inclui o bloco soviético (!), e portanto o declínio económico que ele atribui à social-democracia deve-se sobretudo ao colapso do comunismo. Chait sugere também que Manzi não compara os mesmos dados para a América e para a Europa; e, mais importante, assinala que se houve uma divergência de crescimento, ela se deve quase inteiramente ao facto de a América ter um crescimento demográfico mais rápido; desde 1980, o PIB per capita na Europa Ocidental e nos EUA cresceu quase à mesma taxa.
Mas fui analisar as fontes de Manzi e o caso é ainda mais grave. Se usarmos uma definição ampla de Europa, que inclui a URSS, o contributo era de facto de 40% do produto mundial no início dos anos 70. Mas essa parcela não caíu para 25% - mantém-se acima dos 30%. A única coisa que consigo imaginar é que Manzi comparou a Europa incluindo o Bloco de Leste em 1970 com a Europa que não inclui o Leste hoje.
Não é provavelmente um caso de falsificação deliberada de dados. Em vez disso, como muitos conservadores, Manzi apenas sabe que a Europa é um desastre económico e, ao olhar de relance para alguns números, pensou ter visto confirmadas as suas suposições, nunca as verificando. E é essa a verdadeira moral da história: a imagem da Europa como um falhanço económico está tão entranhada na direita que nunca é questionada, mesmo que os factos se permitam discordar."
(Paul Krugman, European decline - A further note, Janeiro de 2010)
(...) Mas como Jonathan Chait rapidamente assinalou, a definição de Manzi de Europa inclui o bloco soviético (!), e portanto o declínio económico que ele atribui à social-democracia deve-se sobretudo ao colapso do comunismo. Chait sugere também que Manzi não compara os mesmos dados para a América e para a Europa; e, mais importante, assinala que se houve uma divergência de crescimento, ela se deve quase inteiramente ao facto de a América ter um crescimento demográfico mais rápido; desde 1980, o PIB per capita na Europa Ocidental e nos EUA cresceu quase à mesma taxa.
Mas fui analisar as fontes de Manzi e o caso é ainda mais grave. Se usarmos uma definição ampla de Europa, que inclui a URSS, o contributo era de facto de 40% do produto mundial no início dos anos 70. Mas essa parcela não caíu para 25% - mantém-se acima dos 30%. A única coisa que consigo imaginar é que Manzi comparou a Europa incluindo o Bloco de Leste em 1970 com a Europa que não inclui o Leste hoje.
Não é provavelmente um caso de falsificação deliberada de dados. Em vez disso, como muitos conservadores, Manzi apenas sabe que a Europa é um desastre económico e, ao olhar de relance para alguns números, pensou ter visto confirmadas as suas suposições, nunca as verificando. E é essa a verdadeira moral da história: a imagem da Europa como um falhanço económico está tão entranhada na direita que nunca é questionada, mesmo que os factos se permitam discordar."
(Paul Krugman, European decline - A further note, Janeiro de 2010)
sábado, janeiro 09, 2010
sexta-feira, janeiro 08, 2010
descobertas surpreendentes
João Bonifácio, afinal, não sabe só dizer mal de músicos e concertos a que assiste. Quando quer, também consegue escrever bons textos ("Lhasa de Sela: a nómada não canta mais", no Público de 5 de Janeiro).
quinta-feira, janeiro 07, 2010
2009: filmes do ano
Waltz with Bashir, de Ari Folman Grand Torino, de Clint Eastwood Welcome, de Philippe Lioret Milk, de Gus Van Sant The Reader, de Stephen Daldry Tony Manero, de Pablo Larrain.
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Os seis melhores filmes de 2009. E desta vez a ordem não é inteiramente irrelevante.
quarta-feira, janeiro 06, 2010
da coerência
"A primeira peticionária a propor este referendo [sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo], a Isilda Pegado, foi uma das deputadas a votar contra a primeira petição popular para convocar um referendo à legalização da IVG. Foi em 2003, e recolheu 121 mil assinaturas. Ups, lá se vai o argumento de que não se pode deixar de ouvir 90 mil pessoas…" (Pedro Sales, Arrastão, via Jugular)
Tal como na questão da despenalização do aborto, o ponto mais curioso não está obviamente nas diferenças de opinião (muitas vezes perfeitamente inteligíveis), mas sim na particular propensão de alguns dos mais proeminentes opositores para se desprover, no contexto do debate, de um mínimo de coerência e lisura intelectual. Terá esta tendência que ver com a imparável vontade de impor a terceiros a sua visão do mundo e códigos de conduta?
Do outro lado, talvez fosse igualmente bom assentar a recusa do referendo essencialmente na questão de princípio: não se referendam matérias que têm que ver com opções individuais (como deveria ter sucedido com a questão do aborto), em lugar de tanto se invocarem as representatividades parlamentares ou o sufrágio de programas eleitorais.
Tal como na questão da despenalização do aborto, o ponto mais curioso não está obviamente nas diferenças de opinião (muitas vezes perfeitamente inteligíveis), mas sim na particular propensão de alguns dos mais proeminentes opositores para se desprover, no contexto do debate, de um mínimo de coerência e lisura intelectual. Terá esta tendência que ver com a imparável vontade de impor a terceiros a sua visão do mundo e códigos de conduta?
Do outro lado, talvez fosse igualmente bom assentar a recusa do referendo essencialmente na questão de princípio: não se referendam matérias que têm que ver com opções individuais (como deveria ter sucedido com a questão do aborto), em lugar de tanto se invocarem as representatividades parlamentares ou o sufrágio de programas eleitorais.
segunda-feira, janeiro 04, 2010
the living road
Lhasa de Sela (1972-2010)
llegarás mañana ■ para el fin del mundo ■ o el año nuevo ■ el puerto se llena ■ de barcos de guerra ■ y una lluvia fina ■ de cenizas cae ■ salgo a encontrarte en mi traje ■ mi traje de tierra
domingo, janeiro 03, 2010
descobertas interessantes
Muitos dos comentários de Miguel Serras Pereira, no meio das discussões ora interessantes ora bizarras (ou noutras ocasiões simplesmente bizantinas), que de há umas semanas a esta parte correm no 5 dias.