terça-feira, junho 30, 2009

o outro manifesto

"Ao contrário dos que pretendem limitar as opções, e em nome do direito ao debate e à expressão do contraditório, parece-nos claro que as economias não podem sair espontaneamente da crise sem causar devastação económica e sofrimento social evitáveis e um lastro negativo de destruição das capacidades humanas, por via do desemprego e da fragmentação social. Consideramos que é precisamente em nome das gerações vindouras que temos de exigir um esforço internacional para sair da crise e desenvolver uma política de pleno emprego. Uma economia e uma sociedade estagnadas não serão, certamente, fonte de oportunidades futuras."

Do manifesto dos 51 (oriundos de diferentes áreas disciplinares), em resposta a este outro. Duas visões opostas sobre o papel do investimento público nos dias que correm, cada qual com os seus argumentos. Algo de errado se passa, desde logo, quando a comunicação social apenas faz eco significativo do primeiro documento (o manifesto dos 28 economistas).

segunda-feira, junho 29, 2009

stasis

"Durante anos, a política oficial dos EUA foi a de não reconhecer o regime iraniano. Bush proclamou sempre que os EUA poderiam usar "todas as opções" (incluindo bombardeamentos ou uma invasão) para derrubar o regime pelo exterior. E durante esses anos todos, o regime parecia estável como um rochedo, e os iranianos elegeram Ahmadinejad em 2005. Com Obama, os EUA abandonaram a estratégia anterior (...), o objectivo de "mudança de regime" a partir do exterior foi afastado (...). Quem já viu dois bêbados à luta notou certamente que, passado algum tempo, eles acabam por ficar apoiados um no outro (...), é a briga que os mantém de pé. Nesse momento, aquele que tiver o discernimento de se afastar leva o outro a estatelar-se no chão."

(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 22 de Junho)

sexta-feira, junho 26, 2009

interesse público da criação artística

"Concordando no essencial com a proposta de programa do Bloco de Esquerda no que diz respeito às políticas culturais, consideramos que a sua actual formulação não clarifica suficientemente o interesse público da criação artística. Nem do ponto de vista da sua produção - enquanto garante e manifestação por excelência da liberdade de expressão dos indivíduos mas também do património imaterial da sociedade - nem do ponto de vista da sua recepção por parte dos públicos - enquanto factor de enriquecimento cultural, com consequências no grau de literacia, de cosmopolitismo e de humanismo dos indivíduos."

(Do contributo, com Pedro Rodrigues, para o Programa Eleitoral do Bloco de Esquerda)

quinta-feira, junho 25, 2009

uma história da música (VIII)

Michael Jackson (1958-2009)

quarta-feira, junho 24, 2009

os outros economistas

"Tal como acolhemos o facto de terem opinião sobre o TGV, os mesmos 28 economistas não poderão levar a mal que se lhes pergunte: quantos de entre eles acertaram nesta crise? Quantos resistiram à ideia de que o mercado poderia e deveria decidir sozinho? Quantos avisaram a tempo que a estrutura de incentivos dos altos executivos nos estava a conduzir para o desastre? (...) Existem felizmente economistas que acertaram na crise e - muito provavelmente - acertam no remédio. Não fazem parte dos 28, mas tenho motivos de confiança neles (...). Nunca perdi o meu tempo quando lhes dei atenção. Não pagam anúncios de página inteira na imprensa nacional. Mas escrevem em blogues. Num em particular, chamado Ladrões de Bicicletas."

(Do artigo de Rui Tavares, no Público de hoje)

quarta-feira, junho 17, 2009

passos perdidos

O blogue que mais beneficia de visitas (não intencionais) derivadas de uma famosa série de televisão, que o conselho de gerência nem sequer acompanha. É qualquer coisa sobre pessoas numa ilha, por causa de um avião que caíu, com conflitos, chatices, crises políticas e coisas assim.

terça-feira, junho 16, 2009

o colapso

"Aquilo que Mário Soares, Manuel Alegre e outros socialistas têm pedido aos seus líderes é uma verdadeira oposição às ideias que estão por detrás da crise. Mas em vão: isso é o que líderes como José Sócrates e Gordon Brown não estão dispostos a dar-lhes. Isso implicaria romper com o centro-direita (e eles querem apoiar Durão), reconhecer a subalternidade ideológica em que têm vivido, e implicaria confessar: «esquecemo-nos das razões por que éramos de esquerda». Da vitória de Obama nos EUA, só aprenderam o folclore; escapou-lhes a ruptura com um Partido Democrático acomodado, centrista e sem debate - tão parecido com os partidos deles agora."

(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 10 de Junho)

segunda-feira, junho 15, 2009

entre o céu e as montanhas

(Benfeita, Serra do Açor, Setembro de 2008)

segunda-feira, junho 08, 2009

lugar de oração

"O actual secretário-geral da ONU [Ban Ki-moon] faz preces nos seus relatórios mensais: pede que se lembrem das crianças, da ecologia, da paz. Pede. É quase um lugar de oração. A ONU já foi definida como o espelho do mundo. Ora, nem a rainha má conseguiu que o espelho desse uma imagem melhor do que aquela que ela era capaz de produzir. O que a ONU está a reproduzir é o estado do mundo. É uma exigência inadiável reformular a organização. Porque há um valor que ela tem: é o único lugar onde todos falam com todos."

(Da entrevista a Adriano Moreira, no Público de 6 de Junho)

sexta-feira, junho 05, 2009

europeias 2009

Não teve a divulgação nem foi o debate-espectáculo em que o "Prós-e-contras" de Fátima Campos Ferreira costuma ser pródigo. Programado para uma transmissão televisiva em diferido, após gravação matinal (com transmissão em directo na Antena 1), o debate conduzido por Maria Flor Pedroso na RTPN dispensou audiência em estúdio e reuniu os candidatos dos cinco partidos com assento parlamentar. Constituiu, muito provavelmente, o mais clarificador de todos os debates televisivos desta campanha. Sob vários pontos de vista.

quinta-feira, junho 04, 2009

filmes do mês: maio

Tony Manero, de Pablo Larrain. A obsessão pela fama de um dançarino sem escrúpulos, que não olha a meios para vencer um concurso de imitações de John Travolta. A impunidade dos seus actos encontra paralelo (e indiferença) na obsessão política da ditadura chilena de Augusto Pinochet, inteiramente ocupada na repressão de quaisquer sinais de ameaça ideológica. Operações SAAL, filme documentário de João Dias sobre um momento singular do pós-25 de Abril, naquela que é a iniciativa mais original da história das políticas de habitação em Portugal. O "direito ao lugar" nos processos de requalificação habitacional de bairros urbanos degradados, com a participação dos moradores no desenho e construção das suas próprias casas. Chacun son Cinéma, trinta e três curtíssimas metragens (de três minutos cada), pela mão de trinta e cinco realizadores, tendo em vista celebrar os 60 anos do Festival de Cannes. Do total recordam-se com bastante agrado as curtas metragens de Manoel de Oliveira (com Bénard da Costa no papel do Papa João XXIII), Nanni Moretti, Zhang Yimou ou até de Lars Von Trier. A sala de cinema como ponto de partida.