do declínio da europa
"Manzi assegura que ter uma social-democracia de tipo europeu é terrível para o crescimento: «Desde 1980, a parcela da América na produção mundial tem-se mantido nos 21%. A parcela da Europa, no mesmo período, colapsa perante a competição global - de um pouco menos de 40% da produção global nos anos 70 para os cerca de 25% actuais. Ao optar pela social-democracia, em vez de um capitalismo inovador, a Europa cede a sua parte à China (predominantemente), Índia, e ao resto do mundo em desenvolvimento».
(...) Mas como Jonathan Chait rapidamente assinalou, a definição de Manzi de Europa inclui o bloco soviético (!), e portanto o declínio económico que ele atribui à social-democracia deve-se sobretudo ao colapso do comunismo. Chait sugere também que Manzi não compara os mesmos dados para a América e para a Europa; e, mais importante, assinala que se houve uma divergência de crescimento, ela se deve quase inteiramente ao facto de a América ter um crescimento demográfico mais rápido; desde 1980, o PIB per capita na Europa Ocidental e nos EUA cresceu quase à mesma taxa.
Mas fui analisar as fontes de Manzi e o caso é ainda mais grave. Se usarmos uma definição ampla de Europa, que inclui a URSS, o contributo era de facto de 40% do produto mundial no início dos anos 70. Mas essa parcela não caíu para 25% - mantém-se acima dos 30%. A única coisa que consigo imaginar é que Manzi comparou a Europa incluindo o Bloco de Leste em 1970 com a Europa que não inclui o Leste hoje.
Não é provavelmente um caso de falsificação deliberada de dados. Em vez disso, como muitos conservadores, Manzi apenas sabe que a Europa é um desastre económico e, ao olhar de relance para alguns números, pensou ter visto confirmadas as suas suposições, nunca as verificando. E é essa a verdadeira moral da história: a imagem da Europa como um falhanço económico está tão entranhada na direita que nunca é questionada, mesmo que os factos se permitam discordar."
(Paul Krugman, European decline - A further note, Janeiro de 2010)
(...) Mas como Jonathan Chait rapidamente assinalou, a definição de Manzi de Europa inclui o bloco soviético (!), e portanto o declínio económico que ele atribui à social-democracia deve-se sobretudo ao colapso do comunismo. Chait sugere também que Manzi não compara os mesmos dados para a América e para a Europa; e, mais importante, assinala que se houve uma divergência de crescimento, ela se deve quase inteiramente ao facto de a América ter um crescimento demográfico mais rápido; desde 1980, o PIB per capita na Europa Ocidental e nos EUA cresceu quase à mesma taxa.
Mas fui analisar as fontes de Manzi e o caso é ainda mais grave. Se usarmos uma definição ampla de Europa, que inclui a URSS, o contributo era de facto de 40% do produto mundial no início dos anos 70. Mas essa parcela não caíu para 25% - mantém-se acima dos 30%. A única coisa que consigo imaginar é que Manzi comparou a Europa incluindo o Bloco de Leste em 1970 com a Europa que não inclui o Leste hoje.
Não é provavelmente um caso de falsificação deliberada de dados. Em vez disso, como muitos conservadores, Manzi apenas sabe que a Europa é um desastre económico e, ao olhar de relance para alguns números, pensou ter visto confirmadas as suas suposições, nunca as verificando. E é essa a verdadeira moral da história: a imagem da Europa como um falhanço económico está tão entranhada na direita que nunca é questionada, mesmo que os factos se permitam discordar."
(Paul Krugman, European decline - A further note, Janeiro de 2010)
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