quinta-feira, janeiro 29, 2009

a cidade, as pessoas e as vacas

Anónimo disse... Quem foi o estúpido que autorizou pôr lá as vacas?! Anónimo disse... Foi o Zé, claro!... Anónimo disse... Mas este blog é o porta-voz do BE?! As vacas incomodaram alguém por acaso? Se eu por acaso estivesse na praça de Espanha na altura teria achado imensa graça aos bovinos no meio de Lisboa (se bem que já há tantos, a começar pelos pseudo esquerdistas do BE). Ok, está-se mesmo a ver que o problema deles é o sofrimento - físico e emocional! - das vaquinhas... oh pra elas a inalar gases poluentes nessa lixeira tóxica que é a Praça de Espanha, ainda bem que ninguém vive ou trabalha lá! Cada vez mais me convenço que o BE é o PSD da esquerda... um amontoado de carneiros a-ideológicos a mando de meia dúzia de gajos que só querem tacho. (...) Anónimo disse... Eu tinha um primo - o Zé - que era Alentejano. Uma vez veio visitar-me a Lisboa. Morreu dois dias depois com cancro do pulmão. Ainda hoje guardo remorsos de o ter levado à Praça de Espanha. Toda esta conversa sobre vacas está-me a dar vontade de ir ao Trindade comer um belo bife com ovo a cavalo!Anónimo disse... Não tens piada nenhuma anónimo anterior. Até acho que essa conversa é um pouco estúpida. Anónimo disse... Meu caro, concordo consigo quanto à conversa ser estúpida, mas ainda assim, acho que tenho alguma piada. Ou vais dizer-me que achas normal alguém estar preocupado com os efeitos da "poluição" da Praça de Espanha no bem estar físico e psicológico de umas vacas. Não se trata de direitos dos animais mas de pura estupidez! As vacas não sofrem, estão quietas no cantinho delas, não incomodam ninguém (bem pelo contrário) e são, espero eu, bem alimentadas. Quer dizer, um gajo que ache que uma visita a uma cidade (com todos os cuidados assegurados) faz mal às vacas por causa da poluição é um energúmeno. Só falta dizer que o pastor anda a explorar mão de obra bovina porque é ele que recebe e não as vacas...

segunda-feira, janeiro 26, 2009

piadas irresistíveis

"Cá para mim deve ter aprendido inglês com o sobrinho."
Comentário à declaração do inglês Charles Smith ("Não entendi o que queria o tio de Sócrates"), sobre o Caso Freeport, ao DN online de 26 de Janeiro.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

economias para os tempos que correm

"A Economia atravessa actualmente um período de profunda transformação. Alguns falam mesmo de um processo de transição paradigmática. Nos últimos anos, múltiplos e diversos desenvolvimentos, designadamente ao nível conceptual e teórico-metodológico – não raramente em resultado da “contaminação” por disciplinas exteriores à Economia, como as ciências cognitivas e a psicologia experimental ou as ciências da complexidade – vêm abalando a aparente solidez do velho paradigma neoclássico, suscitando a discussão em torno dos seus próprios fundamentos. É o que acontece com o pressuposto da racionalidade – elemento central na análise dos processos de escolha e deliberação caros aos economistas neoclássicos – ou com os conceitos de equilíbrio."

quarta-feira, janeiro 21, 2009

great hopes

terça-feira, janeiro 20, 2009

a esmo, à força e à pressa

"A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas não era contabilizado, mas era a medida da sua avaliação. Pode dizer-se que era uma escola artesanal que necessitava de uma outra sofisticação. Mas, para se proceder a essa modificação com êxito, era preciso compreender os mecanismos que a sustentavam há décadas, e tomar cuidado em não humilhar uma classe deprimida, a sofrer dia a dia o efeito de uma erosão educacional que se faz sentir à escala global. Só que em vez da aplicação cuidadosa e gradual de um processo de mudança, a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa. No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos, de tal modo aleatórios que deixaram de fora grande percentagem de professores excelentes, muitas vezes os responsáveis directos pelo êxito pedagógico das escolas."

(Do artigo de Lídia Jorge, no Público de 9 de Janeiro)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

modos de ver

Entropa, de David Černý (2009)
Uma "instalação" que bem pode ser vista como metáfora do modelo de avaliação de desempenho docente ainda em vigor. Não só pela complexidade que imediatamente se lhe reconhece, mas igualmente pela amálgama desconexa e solta de peças (na estrutura, o Reino Unido é a peça que assumidamente não existe; no modelo, algumas peças foram sendo removidas para tentar impedir que a "obra" caísse, tornando-a contudo ainda mais inconsistente e desfigurada). Mas as semelhanças podem também ser encontradas nos estereótipos em que ambos os processos assentam, ou na forma obscura com que foram conduzidos.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

presentes

Observava a rua a partir da janela embaciada do café. Dali se podia perceber o frio que envolvia os passeios, fazendo as pessoas caminhar de modo ainda mais absorto e apressado. Algumas pareciam continuar sujeitas aos suplícios do Natal, das compras e do alegre frenesim obrigatório dos dias. Afinal era ainda quadra festiva, dia de reis. Olhando para a chávena, e tendo em conta os tempos cinzentos que todos anunciavam para esse novo ano, pensou que talvez fosse bom precisar: era dia de reis magros.

domingo, janeiro 11, 2009

regresso ao paraíso

Paradise Now, de Hany Abu-Assad (2005)

Suha- Porque fazes isto? Khaled- Se não podemos viver como iguais, pelo menos morremos como iguais Suha- Se podes matar e morrer pela igualdade, devias ser capaz de encontrar forma de ser igual em vida Khaled- Como? Através dos vossos grupos de direitos humanos? Suha- Por exemplo!... Assim os israelitas não tinham álibi para continuar a matar Khaled- Não sejas ingénua. Não haverá liberdade sem luta. Enquanto houver injustiça alguém tem de fazer o sacrifício Suha- Isso não é sacrifício, é vingança! Se matares não há diferença entre vítima e ocupante Khaled- Se tivéssemos aviões não precisávamos de mártires. É essa a diferença Suha- A diferença é que o exército israelita continua a ser mais forte Khaled- Então que sejamos iguais na morte. Ainda temos o Paraíso ■ Suha- O Paraíso não existe. Só existe na tua cabeça Khaled- Seja como for, prefiro ter o Paraíso na cabeça que viver neste inferno.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

o romantismo acabou

"Coimbra tem mais encanto quando se chega mais rápido"
o
(Anúncio afixado na central de camionagem local)

segunda-feira, janeiro 05, 2009

simetrias

"Promete-se a democracia desde que ela não leve os islamistas ao poder; prega-se o fim da proliferação nuclear no Irão e no Iraque, mas não em Israel; o comércio livre é a receita milagrosa, mas não para a agricultura; os direitos humanos são uma questão relativa à China mas não à Arábia Saudita."

Samuel Huntington (1927-2008)

sábado, janeiro 03, 2009

amanhecer