sexta-feira, junho 29, 2007
Philip Glass, o pianista porventura mais parecido com o Arq. Nuno Portas, toca piano com a precisão própria de quem dedilha composições de música clássica numa guitarra acústica. Esteve, há oito dias, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, para um concerto a solo. Não se teria perdido nada se, algures nos bastidores sonoros das composições, ecoasse um fundo de teclas, ou de violinos e violoncelos. Mas talvez fosse dessa forma menos perceptível a exímia execução técnica, conciliada com a simplicidade e sensibilidade dos temas. Aliás, deste ponto de vista, seria muito interessante assistir a um concerto de Philip Glass e Viny Reilly, a partir de álbuns como "Amigos em Portugal" ou "Circuses and Bread".
quinta-feira, junho 28, 2007
lightspeed
"As mudanças sociais ocorrem a um ritmo imensamente avassalador."
(ouvido numa conferência)
(ouvido numa conferência)
terça-feira, junho 26, 2007
interesse público
“A coisa processa-se assim: a colecção Berardo fica nas mãos de Berardo. O Estado oferece o espaço para a exibir. Melhor: paga o melhor espaço que tem para a exibir. Só em 2007, três milhões de euros vindos de um Ministério sem cheta. E todos os anos, sem falhar, enterra centenas de milhares euros para o crescimento do acervo. Se não vier a comprar a exposição foi dinheiro gentilmente oferecido a Berardo.
Como a colecção ia para um dos melhores espaços de exposição do país, não é disparatado pensar que essa perspectiva terá valorizado a colecção. Ou seja, terá prejudicado o Estado. Em troca, o Estado português tem a opção de compra. "O Estado compromete-se, desde já, a comprar a minha colecção, se eu quiser vender”, explicou um dia Berardo, com a enorme vantagem da sua franqueza. E para que este negócio seja possível fica com o CCB a meio gás. Mas não acaba aqui. Quem será o presidente da Fundação que vai gerir a colecção? Berardo, Joe Berardo. Vitalício. Virá agarrado à exposição como um borboto. Resumindo: o Estado paga a valorização, paga a exibição, paga o crescimento para ter a possinbilidade de vir talvez a pagar pela própria exposição com o seu dono agarrado a ela.”
(do Arrastão de ontem)
Como a colecção ia para um dos melhores espaços de exposição do país, não é disparatado pensar que essa perspectiva terá valorizado a colecção. Ou seja, terá prejudicado o Estado. Em troca, o Estado português tem a opção de compra. "O Estado compromete-se, desde já, a comprar a minha colecção, se eu quiser vender”, explicou um dia Berardo, com a enorme vantagem da sua franqueza. E para que este negócio seja possível fica com o CCB a meio gás. Mas não acaba aqui. Quem será o presidente da Fundação que vai gerir a colecção? Berardo, Joe Berardo. Vitalício. Virá agarrado à exposição como um borboto. Resumindo: o Estado paga a valorização, paga a exibição, paga o crescimento para ter a possinbilidade de vir talvez a pagar pela própria exposição com o seu dono agarrado a ela.”
(do Arrastão de ontem)
segunda-feira, junho 25, 2007
domingo, junho 24, 2007
a vida dos outros (II)
"Veja-se o caso do professor Fernando Charrua e da DREN, que se continua a arrastar e em que o Ministério da Educação já deveria, há muito, ter 'pulverizado' o processo disciplinar com a constatação da evidente inexistência de qualquer infracção. É pena que a ministra não tenha sido capaz de fazer frente a uma tal inépcia dos seus serviços, pondo termo de imediato ao processo.
Mesmo que as palavras proferidas tenham sido as que se referem na acusação - 'somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um filho da puta' -, parece claro que, tendo em conta a situação, não há mais do que um desabafo privado. Pouco louvável certamente quanto aos termos, mas insusceptível de configurar qualquer ilícito disciplinar ou criminal sob pena de qualquer dia termos receio de falar livremente com colegas, amigos ou vizinhos. Todos nós já desabafámos quanto aos mais diversos governos do nosso desagrado...
E o afastamento da Associação de Professores de Matemática (APM) da Comissão de Acompanhamento do Plano de Matemática do Ministério da Educação por ter discordado publicamente de afirmações da ministra da Educação? Segundo um director-geral do ministério, a APM não podia criticar publicamente o programa do ministério, uma vez que fazia parte dele.
Este endendimento de que, pelo facto de uma associação colaborar com um ministério integrando-se numa qualquer comissão, já não o poder criticar publicamente, é mais um sintoma deste, cada vez mais perceptível, absurdo e insaciável apetite de controlar a informação e as pessoas. Até onde irão nesta cegueira?"
(Francisco Teixeira da Mota, no Público de 23 de Junho)
Mesmo que as palavras proferidas tenham sido as que se referem na acusação - 'somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um filho da puta' -, parece claro que, tendo em conta a situação, não há mais do que um desabafo privado. Pouco louvável certamente quanto aos termos, mas insusceptível de configurar qualquer ilícito disciplinar ou criminal sob pena de qualquer dia termos receio de falar livremente com colegas, amigos ou vizinhos. Todos nós já desabafámos quanto aos mais diversos governos do nosso desagrado...
E o afastamento da Associação de Professores de Matemática (APM) da Comissão de Acompanhamento do Plano de Matemática do Ministério da Educação por ter discordado publicamente de afirmações da ministra da Educação? Segundo um director-geral do ministério, a APM não podia criticar publicamente o programa do ministério, uma vez que fazia parte dele.
Este endendimento de que, pelo facto de uma associação colaborar com um ministério integrando-se numa qualquer comissão, já não o poder criticar publicamente, é mais um sintoma deste, cada vez mais perceptível, absurdo e insaciável apetite de controlar a informação e as pessoas. Até onde irão nesta cegueira?"
(Francisco Teixeira da Mota, no Público de 23 de Junho)
sábado, junho 23, 2007
a vida dos outros (I)
"Um professor em comissão de serviços na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) foi alvo de um processo disciplinar por, alegadamente, ter injuriado o primeiro-ministro no decurso de uma conversa com um colega no seu gabinete de trabalho. (...)
O primeiro aspecto relevante consiste no facto de as injúrias não terem sido proferidas em nenhum documento de trabalho (carta, ofício, relatório, apontamento, etc.), nem em nenhuma reunião, encontro ou tarefa funcional, nem publicamente, mas sim no decurso de uma conversa particular num gabinete de trabalho com um colega do mesmo organismo. (...)
O primeiro aspecto relevante consiste no facto de as injúrias não terem sido proferidas em nenhum documento de trabalho (carta, ofício, relatório, apontamento, etc.), nem em nenhuma reunião, encontro ou tarefa funcional, nem publicamente, mas sim no decurso de uma conversa particular num gabinete de trabalho com um colega do mesmo organismo. (...)
O segundo ponto relevante consiste na circunstância de a natureza alegadamente injuriosa da conversa consubstanciar, juridicamente, um (...) exercício abusivo da liberdade de expressão (...). Nenhum direito é absoluto, no sentido de poder ser exercido em termos de violar desnecessária ou desproporcionadamente outros direitos com igual dignidade jurídica (tal como a honra, previsto no artigo 26º da CPR) (...). E assim é que no seu artigo 37º, nº3, se diz expressamente que "as infracções cometidas no exercício destes direitos (de expressão e de informação) ficam submetidas aos princípios gerais do direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei".
Portanto, o direito disciplinar do funcionalismo público não pode ser usado para sancionar um funcionário, por, numa conversa privada, ter injuriado terceiros, incluindo o primeiro-ministro. Este poderá, se o quiser, reagir, como qualquer cidadão, no local próprio, ou seja, nos tribunais judiciais. (...) O que não tem é o direito de recusar a protecção do direito criminal e ao mesmo tempo aproveitar-se ou beneficiar do regime sancionatório especial do direito disciplinar.
Mais. O cidadão José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, tinha o dever de impedir que uma zelosa subordinada sua (a directora da DREN) procedesse disciplinarmente contra um funcionário que alegadamente o ofendera numa conversa privada. Já que recusa a tutela penal, deveria igualmente recusar a disciplinar."
segunda-feira, junho 18, 2007
caution to the wind
(Wim Wenders, Wings of Desire, 1987)
You walk out on the high wire ■ you're a dancer on thin ice ■ you pay no heed to the danger ■ and less to advice ■ your footsteps are forbidden ■ but with knowledge of your sin ■ you throw your love to all the strangers ■ and caution to the wind
(Dire Straits, Love Over Gold, 1982)
domingo, junho 17, 2007
eu não sou o pato donald
Jacinto Leite Capelo Rego já veio a público confirmar o seu donativo ao CDS-PP, na sequência da suspeita da Polícia Judiciária, que anunciou ter descoberto recibos com nomes falsos e sem número de contribuinte, que visariam justificar a entrada de um milhão de euros nos cofres do partido. "Não sei como fazem a contabilidade e se há ou não situações dessas... Só sei que o meu donativo está certo, mesmo que me tenha esquecido de pôr lá o número de contribuinte."
sábado, junho 16, 2007
sic transit gloria mundi
Se Nicolas Sarkozy estava embriagado na conferência de imprensa do final da cimeira do G8 não sei. Agora que palmaram o relógio a George W. Bush, disso não restam muitas dúvidas.
quinta-feira, junho 14, 2007
o relógio de destruição maciça
Mohammed Al Baradei, Director Geral da AIEA (Agência Internacional da Energia Atómica), acusou hoje a administração americana de estar a mentir, e exortou a que se apresentem provas claras e inequívocas de que Bush tem consigo o relógio que usou na sua visita à Albânia. Al Baradei suspeita que a administração americana esteja a esconder o facto de já não ter na sua posse o relógio presidencial, temendo que um cidadão albanês tenha aproveitado um caloroso cumprimento a Bush para palmar o referido objecto.
O Director Geral da AIEA concedeu à Administração Bush uma semana para comprovar a localização exacta do relógio presidencial, prazo findo o qual será constituída uma equipa de inspecção que passará a Casa Branca a pente fino, nomeadamente o bolso de Bush. Na curta conferência de imprensa, Al Baradei alertou ainda para as medidas a adoptar caso a administração americana não se mostre cooperante, e que incluem uma ocupação militar e a deposição do líder, mesmo sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. E, já no final, acrescentaria: “Não tentem ludibriar-me comprando na esquina mais próxima um relógio de destruição maciça novinho em folha. Essa esperteza saloia não passaria nos nossos testes”.
quarta-feira, junho 13, 2007
às vezes, com sorte
Minouri Yamasaki- Ao que eu respondi: "A tecnologia moderna trouxe-nos o caos. Trouxe-nos a velocidade, o medo, a congestão e o desassossego. Precisamos de lugares para reequlibrar as nossas vidas. A arquitectura permite-nos isto. Quando as pessoas entram em edifícios bem desenhados sentem serenidade, prazer."
Griffith Smith- Estética e ética.
Minouri Yamasaki- Às vezes. Com sorte.
(Rui Tavares, O Arquitecto, 2007)
Griffith Smith- Estética e ética.
Minouri Yamasaki- Às vezes. Com sorte.
(Rui Tavares, O Arquitecto, 2007)
sábado, junho 09, 2007
have a cigar
"Come in here, dear boys, have a cigar ■ You're gonna go far, fly high ■ You're never gonna die, you're gonna make it if you try, they're gonna love you ■ Well I've always had a deep respect, and I mean that most sincerely ■ The band is just fantastic, that is really what I think ■ Oh by the way,Which ones pink? ■ And did we tell you the name of the game, boys, we call it riding the Gravy train"
(Pink Floyd, Wish you were here, 1975)
(Pink Floyd, Wish you were here, 1975)
quarta-feira, junho 06, 2007
azar
Também para todas as crianças desaparecidas que, ficando no seu país de origem (em vez de irem para um qualquer lugar menos desenvolvido no estrangeiro), agora não recebem ajuda especial.
terça-feira, junho 05, 2007
6/4 quatro de junho
(Praça de Tiananmen, 4 de Junho de 1989)
Se procurar na memória pelos momentos e acontecimentos significativos que marcaram o meu interesse por questões políticas e de direitos humanos, um deles - seguramente o mais decisivo, porque "inaugural" -, foi o massacre de Tiananmen, em 1989. Quase posso falar, neste sentido, de uma divisão do tempo em AT/DT (Antes e Depois de Tiananmen), pois foi a partir destes dias quentes de Junho de há dezoito anos atrás que comecei a comprar jornais com regularidade (o Expresso ao sábado tornou-se, durante anos, um ritual), e a estar mais atento ao que se passava.
E se o refiro aqui é apenas por sentir que não foi estranho a tudo isto o facto de me encontrar nesta altura a estudar numa instituição onde o movimento estudantil era intenso, plural e particularmente politizado. E esse ambiente foi decisivo para mim, como o terá sido (presumo), para muitos outros que, como eu, estavam em regra alheados e indiferentes. Ou decisivamente irrelevante para outros, ainda, que permaneceram alheados e indiferentes, "apesar de".
O que levará um jovem ou um adolescente a prestar mais atenção a coisas que não lhe dizem directamente respeito, que não interferem nem incomodam a sua "vidinha regular de todos os dias"? Acontecimentos, ambientes?
Vale a pena pensar nisto...
segunda-feira, junho 04, 2007
domingo, junho 03, 2007
rupturas
Os militantes associados à FER (Frente de Esquerda Revolucionária, agora Grupo Ruptura), subscreveram uma moção à convenção do Bloco de Esquerda (BE), assumindo-se como "revolucionários e distantes de qualquer solução de esquerda que se desenvolva num quadro social-democratizante", demarcando-se assim da moção da direcção que assume, pela primeira vez e de forma explícita, a natureza não revolucionária do movimento (Público, 2 de Junho).
Não estando em causa o pluralismo de perspectivas no seio do BE, apetece-me sempre perguntar o que é que concretamente se defende com a "via revolucionária". Significa abdicar, em coerência, da participação parlamentar? Tomar o poder pela força? Qual é a agenda da via revolucionária? Quais são os seus passos?
Não estando em causa o pluralismo de perspectivas no seio do BE, apetece-me sempre perguntar o que é que concretamente se defende com a "via revolucionária". Significa abdicar, em coerência, da participação parlamentar? Tomar o poder pela força? Qual é a agenda da via revolucionária? Quais são os seus passos?
sábado, junho 02, 2007
passes perdidos
De acordo com as rigorosas informações do Statcounter, alguém vagueou por aqui à procura de "passes perdidos na sexta-feira passada" sugerindo, pela segunda vez, a possibilidade de alteração do nome deste blog.