terça-feira, junho 26, 2007

interesse público

A coisa processa-se assim: a colecção Berardo fica nas mãos de Berardo. O Estado oferece o espaço para a exibir. Melhor: paga o melhor espaço que tem para a exibir. Só em 2007, três milhões de euros vindos de um Ministério sem cheta. E todos os anos, sem falhar, enterra centenas de milhares euros para o crescimento do acervo. Se não vier a comprar a exposição foi dinheiro gentilmente oferecido a Berardo.
Como a colecção ia para um dos melhores espaços de exposição do país, não é disparatado pensar que essa perspectiva terá valorizado a colecção. Ou seja, terá prejudicado o Estado. Em troca, o Estado português tem a opção de compra. "O Estado compromete-se, desde já, a comprar a minha colecção, se eu quiser vender”, explicou um dia Berardo, com a enorme vantagem da sua franqueza. E para que este negócio seja possível fica com o CCB a meio gás. Mas não acaba aqui. Quem será o presidente da Fundação que vai gerir a colecção? Berardo, Joe Berardo. Vitalício. Virá agarrado à exposição como um borboto. Resumindo: o Estado paga a valorização, paga a exibição, paga o crescimento para ter a possinbilidade de vir talvez a pagar pela própria exposição com o seu dono agarrado a ela.
(do Arrastão de ontem)