sexta-feira, novembro 28, 2008

a day in life

I read the news today, oh boy about a lucky man who made the grade and though the news were rather sad well, I just had to laugh I saw the photograph he blew is mind out in a car he didn't notice that the lights had changed a crowd of people stood and stared they'd seen his face before nobody was really sure if he was from house of lords I saw a film today, oh boy the english army has just won the war a crowd of people turned away but I just had to look, having read the book I'd love to turn you on woke up got out of bed dragged a comb across my head found my way downstairs and drank a cup and looking up I noticed I was late found my coat and grabbed my hat made the bus in seconds flat found my way upstairs and had a smoke somebody spoke and I went into a dream

The Beatles, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)

quarta-feira, novembro 26, 2008

a cisão e o cisma

Concordo com praticamente tudo o que é dito aqui, pelo Daniel, sobre a cisão entre o Bloco de Esquerda e o Vereador Sá Fernandes. As questões essenciais para avaliar este processo, que tem início com o Acordo de Lisboa, são a meu ver três: a) o grau de cumprimento do próprio acordo; b) o modo como foi mutuamente gerida a relação entre o partido e o vereador eleito ao longo do mandato e, por último; c) o significado e impacto de episódios específicos em que o vereador Sá Fernandes se viu envolvido (ou se quis envolver).
Uma discussão que misture estas três questões numa só converte-se facilmente num equívoco. Como é desinteressante discutir o assunto sem dar como assentes duas ordens de legitimidade. A de um partido em retirar (ou em não renovar) o apoio a um candidato independente, por um lado, e a de um vereador independente assumir um estatuto de autonomia relativa face ao partido que lhe concedeu apoio, por outro.
Não conhecendo em detalhe os termos iniciais e o grau de cumprimento do acordo estabelecido entre o BE/Sá Fernandes e o PS/António Costa, dou por consensual o balanço feito pelo Daniel. Perante o qual dificilmente se pode dizer que a relação quebra por incumprimento de compromissos estabelecidos, não sendo por isso razoável considerar que a raiz da cisão passa por aqui.
Sabe-se que a decisão de estabelecer um acordo pós-eleitoral com o PS para a Câmara de Lisboa não foi consensual em alguns sectores e estruturas do Bloco de Esquerda. Essa discordância, desde o início, foi alimentando uma postura em que sobrou a desconfiança permanente e escasseou o apoio. Ainda Sá Fernandes não tinha cometido nenhum disparate e já as baterias lhe estavam apontadas. É certo que Sá Fernandes também não procurou estabelecer um contacto regular com o Bloco de Esquerda, autonomizando-se e ignorando-o progressivamente. Como é certo que se foi tornando cada vez mais difícil encontrar maneira de o defender. Mas uma noção de responsabilidades partilhadas na má gestão do processo deveria constituir o saldo correcto, pelo que, nesse sentido, a cisão deveria recair sobre ambas as partes.
Quanto aos episódios bizarros que envolveram Sá Fernandes, dos quais destacaria o caso da Praça das Flores e a inexplicada solidariedade com a vereadora Ana Sara Brito, importa perguntar se justificam a quebra do apoio ao vereador. Não custa admitir que sim, que constituem questões suficientemente fortes (mesmo que pontuais) para uma demarcação do BE, dado o carácter insólito, inesperado e contrário à matriz de valores que é suposto unirem partido e vereador. Mas as razões de fundo invocadas também não andaram por aqui.
O fundamento da cisão poderia pois centrar-se no reconhecimento das dificuldades em estabelecer uma relação construtiva entre o partido e o vereador (o que implicaria aceitar, porém, as responsabilidades mútuas no processo, desde o seu início). A que poderia somar-se a necessidade sentida pelo BE em se demarcar das opções de Sá Fernandes nos episódios estranhos em que se envolveu. Mas não sendo estes os argumentos de fundo, e conhecendo-se o processo como se conhece, é impossível deixar de questionar em que medida esta experiência governativa não revela a relação psicológica e alérgica do Bloco com o poder, bem como a dificuldade em lidar com o risco de mácula que pode vir do seu exercício. E essas serão já muito mais questões de cisma do que questões de cisão.

sábado, novembro 22, 2008

novas respostas

sexta-feira, novembro 21, 2008

as cidades e as casas (IV)

"Na habitação, deixámos que o valor social da casa, o benefício colectivo da sua função essencial (que é ter gente a viver nela) fosse completamente excedido pelo seu papel instrumental na bolha especulativa do momento. Como resultado, temos casas a mais nos lugares errados, construção antiga em ruínas nos lugares certos e (nos piores casos) uma distribuição neo-medieval das populações por bairros sociais e condomínios de luxo."

(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 20 de Novembro)

quarta-feira, novembro 19, 2008

a avaliação (I)

A 10 de Janeiro o Diário da República publica o polémico Decreto Regulamentar nº 2/2008, que instaura o novo modelo de avaliação de desempenho de professores. Inspirado no sistema de avaliação da função pública (SIADAP), é precedido de uma divisão da classe em duas categorias (professor titular e professor), de modo a instituir uma hierarquia até então inexistente no corpo docente das escolas.
A contestação não se faz esperar. Uma primeira manifestação reúne em Março cerca de 100 mil pessoas nas ruas de Lisboa, sendo entretanto celebrado um memorando de entendimento entre o Ministério da Educação e os sindicatos, que aceitam a experimentação do modelo. Este sofre ligeiras alterações e um adiamento da sua implementação generalizada para o início do ano lectivo. Em Novembro, uma segunda manifestação enche a capital do país com cerca de 120 mil pessoas.
O braço de ferro entre o Ministério da Educação e os professores agudiza-se, tornando aparentemente irredutíveis as posições de ambas as partes. O sistema educativo conhece uma instabilidade profunda e instaura-se uma situação de impasse.
O Ministério da Educação recusa a suspensão do modelo, antes do balanço acordado com os sindicatos, em Julho de 2009. Entre os professores, a rejeição do modelo dissimula as divergências internas: uns concordarão com o modelo em vigor, apenas reivindicando adaptações e melhorias, outros recusam por princípio a própria avaliação e, provavelmente a larga maioria, concorda com a avaliação mas exige um outro modelo. Entre estes segmentos é difícil estabelecer quais as opiniões prevalecentes, em termos de desenvolvimento do processo, tornando difícil encontrar uma solução em que todas as partes se possam rever.

terça-feira, novembro 18, 2008

esvoaçar

Coimbra, graffiti junto à Faculdade de Letras
(foto de Carla Luís)

domingo, novembro 16, 2008

rescaldo eleitoral

(citada de memória, uma conversa entre um jovem negro na janela de um prédio e um amigo, que estando no interior do apartamento, era impossível ouvir)

- Não vês que está tudo a mudar? Que o mundo está diferente? É a mudança, man... Na Alemanha, que é o país mais importante da Europa, está uma mulher a mandar... E agora olha o Obama, nos Estados Unidos... O Luther King já tinha dito que isto ia acontecer, que o mundo ia mudar...
(...)
- Hã... Feiticeiro? Feiticeiro o quê, man?! És muita estúpido... Luther King, man, Luther King... I have a dream, não sabes? Grande homem pá, qual feiticeiro?! Tens que ler mais, man!...

sexta-feira, novembro 14, 2008

casa própria

Parando junto do candeeiro em forma de globo que acabara de cair no passeio à sua frente, tornou-se-lhe óbvia a metáfora da bolha. Já há muito suspeitava que, além do mais, racionalidade económica e liberdade não necessariamente moram no mesmo lugar.

quinta-feira, novembro 13, 2008

uma história da música (III)

Avalon (Roxy Music, 1982)

quarta-feira, novembro 12, 2008

simetria

O grupo de professores que sempre recusará qualquer modelo de avaliação, e a ministra, que parece recusar até à insanidade reconhecer o irrealismo da sua proposta, definem com exactidão os dois pólos extremos de uma guerra aparentemente sem fim.

segunda-feira, novembro 10, 2008

sábado, novembro 08, 2008

espiritualidades de fuga

"O que mais há são propostas de espiritualidade anti-stress. Têm secção autónoma nas livrarias e são vizinhas de Paulo Coelho nas estações de serviço. O êxtase histérico e o folclore festivo dão-lhes voz nas igrejas. Essas espiritualidades de fuga arrancam de uma convicção: de que não são os problemas que são problemáticos, mas sim a ansiedade com que reagimos a eles. Keep cool, portanto, e serás feliz. A injustiça, a indecência, a exploração, a indignidade, essas ficam pra depois. Ou como se disse em tempos: "piramiza, filho, piramiza...""

(Palombella Rossa, Outubro de 2008)

terça-feira, novembro 04, 2008

songs for the season

"I dreamed I was the president of these United StatesI dreamed I replaced ignorance, stupidity and hateI dreamed the perfect union and a perfect law, undeniedAnd most of all I dreamed I forgot the day John Kennedy diedI dreamed that I could do the job, that others hadn't doneI dreamed that I was uncorrupt and fair to everyoneI dreamed I wasn't gross or base, a criminal on the takeAnd most of all I dreamed I forgot the day John Kennedy diedOh the day John Kennedy diedI dreamed I was young and smart and it was not a waste I dreamed that there was a point to life and to the human race"
Lou Reed, The day John Kennedy died (The Blue Mask, 1982)

segunda-feira, novembro 03, 2008

memória