sábado, setembro 30, 2006

casos clínicos

A uns conviria que fossem, para além de parecer.
E a outros não basta que sejam, era bom que parecessem.
Depois há os outros. Os que não são nem parecem.

quinta-feira, setembro 28, 2006

de roma a havana

Guillermo Farinas, jornalista, psicólogo e dissidente cubano de 43 anos, decidiu ceder aos apelos dos seus colegas e pôr fim à greve de fome que tinha começado a fazer no dia 31 de Janeiro. No dia 9 de Fevereiro (…) deu entrada num hospital, passando a ser alimentado por via intravenosa (…). Na origem do protesto está a exigência do respeito pelo direito à informação, mas, apesar dos esforços do jornalista, o regime comunista de Fidel continua a controlar o acesso à Internet. Apenas certas pessoas – com autorização especial por parte do Governo – têm acesso directo (e portanto sem filtragem prévia pelos órgãos do poder) à rede mundial de informação. A justificação oficial do Estado para a restrição do acesso continua a ser a de que o embargo americano impede Cuba de se ligar a fibras ópticas submarinas, obrigando o país a aceder à Internet através de dispendiosas comunicações por satélite.” (Público, 2 Setembro 2006)

Dou-me conta, uma vez mais, que o problema que tenho com o Comunismo é exactamente o mesmo que tenho com a Igreja Católica: a Liberdade.

sábado, setembro 23, 2006

voltaire revisitado

(do artigo de Rui Tavares, no Público)

"(...) Ratzinger não defendeu a liberdade de expressão dos caricaturistas. Porém, tal não é razão para lhe fazer o mesmo seis meses depois. A ética da liberdade de expressão implica que ela valha tanto ou mesmo mais para as opiniões de que discordamos e até para aqueles que a combatem."

sexta-feira, setembro 22, 2006

happiness

I’m waiting on the empty docks
Watching the ships come in
I’m waiting for the agony to stop
Let the happiness in
I’m watching as the gulls all settle down
Upon the empty vessels
The faded whites of their wedding gowns
The songs of hopeless selflessness
(David Sylvian, Secrets of Beehive, 1987)

quarta-feira, setembro 20, 2006

o detalhe

Descobrir o sentido e a natureza das coisas não estava dependente de toda a racionalização que se pudesse fazer, nem da análise meticulosamente científica de todos os dados e evidências. Nem estava dependente da fé ou da transcendência que se pudessem invocar, nem do optimismo prevalecente ou do estudo ponderado do jogo de probabilidades. Nem sequer do exaustivo balanço de factos, entendimentos e sentimentos. Um pormenor, um simples gesto, um sinal aparentemente irrelevante, desconexo e fátuo, bastaria para conferir razão e sentido a tudo. Um detalhe. Aquele detalhe. A folha que se desprendia da árvore no momento certo, quando se pressentia e desejava que assim fosse. Ou a fresta de luz que desenhava a sua silhueta, em segundos precisos, no cortinado branco junto aos livros e ao cinzeiro. Aquele exacto e intuído tempo de luz. Nem antes nem depois.

sábado, setembro 16, 2006

the meaning of writing

(do barbeiro)
"Escrever é a melhor maneira de falar sem ser interrompido."

quarta-feira, setembro 13, 2006

misplaced childwood (I)

Se tudo tivesse corrido como previsto, teriam hoje passado sete anos desde a libertação da lua em relação à órbita terrestre, rumo aos confins do universo. O Espaço 1999 tinha aquela aura apocalíptica própria da ideia de fim do milénio, fazendo parte de um imaginário sobre o futuro que seria mais tarde, de outro modo, também formatado pelo 1984 de George Orwell.
Mas tragédia, tragédia era mesmo quando a minha irmã ganhava a batalha da hora e da ordem do banho, aos sábados, sempre que este coincidia - por despacho superior - com os horários de transmissão dos episódios da série.
(Para a Matilde, que na magia dos seus quase 4 anos sabe que a Lua apenas se move quando necessitamos da sua companhia em viagens nocturnas)

terça-feira, setembro 12, 2006

grátis, mesmo mesmo grátis

Com o objectivo, entre outros, de “sensibilizar, apelar a consciências e vontades para o exercício de uma nova cidadania, que se quer mais justa e solidária”, a Câmara Municipal de Lisboa oferece desde 2003 aos seus munícipes a possibilidade de adesão ao Banco do Voluntariado.
Desenvolvendo algumas actividades expectáveis (como o apoio a crianças e idosos, campanhas alimentares e situações de emergência social), o Banco do Voluntariado serve ainda outras iniciativas, menos óbvias, e que representam mais de 90% das convocatórias enviadas por email, desde o início do ano, aos potenciais voluntários. É o caso do “Lisboa-Dakar” (Janeiro), do “Concerto de Páscoa do Coro de Santa Maria de Belém” (Abril), do “Rock in Rio” (Julho) ou do “Mundial de Pirotecnia de Lisboa” e da “Luzboa: 2ª Bienal Internacional da Luz” (Setembro).
Para além desta noção “banda larga” de voluntariado, muito discutível, não vos cheira a que a CML encontrou uma forma bem jeitosa e baratinha de executar o seu plano anual de actividades culturais? Tão jeitosa e baratinha que até chateia? Tão jeitosa e baratinha que não se percebe como não lembrou em primeira instância ao inconfundível vereador da Câmara Municipal de Coimbra?

domingo, setembro 10, 2006

11'09''

(Alexandro González Iñárruti, 11'09"01 - September 11)

sábado, setembro 09, 2006

alternativas ao capitalismo

Graças a isto, alguém tropeçou nos passos perdidos à procura disto.

quinta-feira, setembro 07, 2006

un dos tres se acabó el plazo

(António Berni, Manifestacion, 1934)
Não se devia considerar aceitável que, perante indícios suficientemente plausíveis de fraude eleitoral e uma estreitíssima margem de vantagem (234 mil votos num universo de cerca de 41 milhões eleitores votantes), o candidato vencedor num escrutínio democrático não seja o primeiro a exigir a recontagem integral dos votos.
Trata-se por um lado de uma questão de reconhecimento inequívoco de legitimidade (como pode alguém querer iniciar um mandato ferido à nascença por tamanhas dúvidas sobre o verdadeiro resultado eleitoral?). E trata-se também, e sobretudo, de uma questão de interiorização profunda da noção de democracia (como pode um democrata convicto querer ignorar a possibilidade de a sua vitória não corresponder à expressão real da vontade dos eleitores?).
Ao não se juntar a todos aqueles que reclamaram, por fundadas razões, a recontagem dos votos (quer os apoiantes de Manuel López Obrador quer todos os cidadãos mexicanos que se moveram pela simples exigência da verdade eleitoral), Felipe Caldéron - o novo presidente do México -, não só legitimou e reforçou todas as suspeições sobre a existência de fraude eleitoral como deixou estalar a fina película a que se resume a sua noção de democracia.

terça-feira, setembro 05, 2006

chamamento tecnológico

João Celestino deve às novas tecnologias a descoberta repentina da sua vocação religiosa. Não porque por alguma razão cibernética tenha passado a acreditar subitamente em Deus, mas apenas porque a criação de um blog lhe permitiu descobrir o padreca virtual que havia em si.
(Qualquer semelhança entre este escrito e os nanocontos do Agrafo é a pura consumação de uma coincidência intencional).

segunda-feira, setembro 04, 2006

a importância de se chamar mateus

Será de uma ignorância e distracção inqualificáveis, mas realmente apenas hoje dei conta que “O Caso Mateus”, essa telenovela que tem estado a jorrar do altar supremo da alienação nacional, não tem nada que ver com o plano traçado há uns anos pelo economista Augusto Mateus (visando obrigar os clubes a amortizar as suas dívidas fiscais e à segurança social), mas sim com um homónimo jogador que decidiu passar do estatuto de profissional para o de amador, causando uma crise gravíssima à escala mundial.

sexta-feira, setembro 01, 2006

images

(Subwaysplash)
images ■ always images ■ about what we see ■ about what we think ■ about what we imagine ■ about what we ear ■ about places ■ where we never have been ■ about words ■ and meanings ■ images about the way we see the others ■ about how we feel them ■ and how we think they are ■ even if they are not as we think ■ images about what we wish ■ things and people could be ■ about what we want ■ them to be ■ images of existing things ■ images of imagined things ■ images of everything that passes ■ like images ■ in our mind