o detalhe
Descobrir o sentido e a natureza das coisas não estava dependente de toda a racionalização que se pudesse fazer, nem da análise meticulosamente científica de todos os dados e evidências. Nem estava dependente da fé ou da transcendência que se pudessem invocar, nem do optimismo prevalecente ou do estudo ponderado do jogo de probabilidades. Nem sequer do exaustivo balanço de factos, entendimentos e sentimentos. Um pormenor, um simples gesto, um sinal aparentemente irrelevante, desconexo e fátuo, bastaria para conferir razão e sentido a tudo. Um detalhe. Aquele detalhe. A folha que se desprendia da árvore no momento certo, quando se pressentia e desejava que assim fosse. Ou a fresta de luz que desenhava a sua silhueta, em segundos precisos, no cortinado branco junto aos livros e ao cinzeiro. Aquele exacto e intuído tempo de luz. Nem antes nem depois.
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