quinta-feira, dezembro 31, 2009
Um total de quarenta e sete películas visionadas no ano que agora termina. A pontuação média (entre um e cinco) dá três vírgula nove. Do total, e sem exigências espartanas, cerca de um terço foi seleccionado para poder figurar entre os melhores filmes do ano. Ou seja dezasseis películas, o que dá uma média de mais do que um bom filme por mês. Entre eles, serão escolhidos os seis melhores.
Angels & Demons, de Ron Howard ■ Chacun son Cinéma, curtas-metragens de trinta e cinco realizadores ■ Grand Torino, de Clint Eastwood ■ Harry Potter and the half blood Prince, de David Yates ■ Inglorious Basterds, de Quantin Tarantino ■ Kill the Referee, de Yves Hinant ■ Milk, de Gus Van Sant ■ Operações SAAL, de João Dias ■ Rachel Getting Married, de Jonathan Demme ■ Rachel, de Simone Bitton ■ The Reader, de Stephen Daldry ■ Tony Manero, de Pablo Larrain ■ Two Lovers, de James Gray ■ Vicky Cristina Barcelona, de Woddy Allen ■ Waltz with Bashir, de Ari Folman ■ Welcome, de Philippe Lioret
quarta-feira, dezembro 30, 2009
et pur si muove
"Falem-me então dos equilíbrios geopolíticos. Digam-me da conveniência da moderação nas políticas externas. Argumentem-me com os riscos do voluntarismo. Lembrem-me que as causas morais são inimigas dos interesses dos Estados. E eu respondo-vos que Aminetu Haidar regressou à sua terra, apesar de vocês."
(José Manuel Pureza, Dezembro de 2009)
(José Manuel Pureza, Dezembro de 2009)
segunda-feira, dezembro 28, 2009
sábado, dezembro 26, 2009
cidades com estátuas (XVIII)
Metáfora da psicologia dos mercados financeiros e dos tempos de arrefecimento das economias. O touro e o urso da Bolsa de Frankfurt numa manhã de Dezembro.
sexta-feira, dezembro 25, 2009
caro hipermercado
"Lembrei-me de te mandar um postalinho de boas festas para agradecer a tua preocupação comigo-consumidor. O que seria de mim se os teus trabalhadores fizessem greve na véspera de Natal? Não só teria de deixar de comprar nesta quadra tão prenhe de significado, como teria porventura de comprar os teus produtos mais caros no futuro. Eu por acaso não tenho acções tuas, mas se tivesse também estaria preocupado porque a greve poderia fazer baixar o teu valor bolsista e a tua rendibilidade. O meu eu-accionista também te agradece.
Mas agora que comecei a escrever lembrei-me que além de consumidor e potencial accionista sou também trabalhador. Mesmo sendo consumidor e accionista podia ter de trabalhar para ti e quem sabe se isso não me acontece um dia. Nesse caso, ser obrigado a trabalhar 60 horas por semana, 14 amanhã (com pré-aviso de algumas horas) e devolução do tempo a mais, mas sem pagamento extra, não é nada que se agradeça. Bem sei que tudo isto é legal, e que foi para isto mesmo que o código do trabalho foi alterado, mas mesmo assim..."
(Do postal de José Castro Caldas, nos Ladrões de Bicicletas)
Mas agora que comecei a escrever lembrei-me que além de consumidor e potencial accionista sou também trabalhador. Mesmo sendo consumidor e accionista podia ter de trabalhar para ti e quem sabe se isso não me acontece um dia. Nesse caso, ser obrigado a trabalhar 60 horas por semana, 14 amanhã (com pré-aviso de algumas horas) e devolução do tempo a mais, mas sem pagamento extra, não é nada que se agradeça. Bem sei que tudo isto é legal, e que foi para isto mesmo que o código do trabalho foi alterado, mas mesmo assim..."
(Do postal de José Castro Caldas, nos Ladrões de Bicicletas)
quarta-feira, dezembro 23, 2009
sábado, dezembro 19, 2009
climate change
É difícil pensar no aquecimento global quando se fuma um cigarro, na rua, com neve e catorze graus abaixo de zero. Mas confirma-se a teoria de que com temperaturas inferiores a cinco negativos o frio é mais ou menos todo igual.
sexta-feira, dezembro 18, 2009
mete-se o natal
"Quem já lidou com serviços, sabe o que é isto: “Pronto, o requerimento está entregue. O problema é que isto é capaz de atrasar” (pausa dramática) “porque agora mete-se o Natal...”, acaba por dizer o funcionário, como quem anuncia um acidente. Apanhados de surpresa, damos por nós a murmurar, com pesar “Ah... não me diga. Pois, se é assim...” Quando, o que devíamos dizer era “Ó meu amigo, o Natal não se meteu coisa nenhuma, porque já o ano passado – e esta tem graça! – se tinha metido nesta altura. Como aliás, salvo erro, se tinha metido no anterior. Ou não? Espera... Sim, já se tinha metido no anterior!”
Mas estaria a ser injusto para o funcionário, que só quer fazer o seu trabalho e não tem culpa por ter sido apanhado de surpresa pelo Natal, que se “meteu” no meio do serviço, atrasando a produção uns quinze dias. Isto porque, não contente em “meter-se”, pôs uma cunha e “meteu” também a véspera. Além disso, quando o funcionário julga que o caminho está livre para dias e dias de trabalho ininterrupto, eis senão quando se “mete” o Ano Novo. Sacana. E o funcionário, coitado, ainda a refazer-se da surpresa da primeira metidela.
Todo o ano, invariavelmente, o trabalhador português é surpreendido por este “meter-se” do Natal.
Ó Silva, tens tudo preparado para acabar o serviço? ■ ‘Tá tudo pronto chefe, se não acontecer nada de estranho, tenho isto acabado dia 26 ■ Óptimo! ■ Ui... Espere lá... Estou aqui a consultar o calendário... É pá... ■ O que foi? ■ O chefe não vai acreditar, caraças, mas vai-se meter aqui o Natal! ■ O Natal? Poça! E agora? ■ Agora? Só acabo isto lá para Janeiro. E, e!
É uma tragédia. O governo devia pensar em fazer alguma coisa, já. Quer dizer, agora, só lá para o ano, claro."
(Zé Diogo Quintela, Gato Fedorento, 2003)
Mas estaria a ser injusto para o funcionário, que só quer fazer o seu trabalho e não tem culpa por ter sido apanhado de surpresa pelo Natal, que se “meteu” no meio do serviço, atrasando a produção uns quinze dias. Isto porque, não contente em “meter-se”, pôs uma cunha e “meteu” também a véspera. Além disso, quando o funcionário julga que o caminho está livre para dias e dias de trabalho ininterrupto, eis senão quando se “mete” o Ano Novo. Sacana. E o funcionário, coitado, ainda a refazer-se da surpresa da primeira metidela.
Todo o ano, invariavelmente, o trabalhador português é surpreendido por este “meter-se” do Natal.
Ó Silva, tens tudo preparado para acabar o serviço? ■ ‘Tá tudo pronto chefe, se não acontecer nada de estranho, tenho isto acabado dia 26 ■ Óptimo! ■ Ui... Espere lá... Estou aqui a consultar o calendário... É pá... ■ O que foi? ■ O chefe não vai acreditar, caraças, mas vai-se meter aqui o Natal! ■ O Natal? Poça! E agora? ■ Agora? Só acabo isto lá para Janeiro. E, e!
É uma tragédia. O governo devia pensar em fazer alguma coisa, já. Quer dizer, agora, só lá para o ano, claro."
(Zé Diogo Quintela, Gato Fedorento, 2003)
quinta-feira, dezembro 17, 2009
gioconda
Há qualquer coisa de Gioconda nesta expressão de Che Guevara (Foto de Alberto Korda, em exposição na Cordoaria Nacional)
quarta-feira, dezembro 16, 2009
a força da fraqueza
"A greve de fome oferece o enfraquecimento da parte que já é a mais fraca. Quem está a ganhar não faz greve de fome. Mas para quem está a perder ela pode ser a última opção. Quanto mais debilitado fica o perdedor, mais desumano e inflexível parece o ganhador. O perdedor ganha com a sua fraqueza; o ganhador perde com a sua força. As questões morais conseguem assim inverter, momentaneamente, a polaridade política. (...) É importante para a eficácia da greve de fome que as reivindicações em causa sejam razoáveis, além de justas. Independentemente do que acharmos sobre a causa que Aminetu Haidar defende (...) reconheça-se que a sua reivindicação é das mais razoáveis: que a deixem voltar para a sua cidade e a sua família."
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 14 de Dezembro)
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 14 de Dezembro)
terça-feira, dezembro 15, 2009
como nas missas a salazar
Quem fala assim, decorridos mais de dez anos, continua de facto a não perceber nada de nada.
segunda-feira, dezembro 14, 2009
sexta-feira, dezembro 11, 2009
variações sobre isilda pegado (em dó maior)
A questão da abolição da escravatura não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social ■ A questão do voto das mulheres não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social ■ "A questão da celebração do casamento homossexual não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social" ■ A questão do acesso a universal a cuidados de saúde não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social ■ A questão da liberdade religiosa não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social
quinta-feira, dezembro 10, 2009
songs for the reason
You can blow out a candle ■ But you can't blow out a fire ■ Once the flames begin to catch ■ The wind will blow it higher ■ And the eyes of the world ■ Watching now ■ Watching now
Biko (Peter Gabriel, Plays Live, 1983)
quarta-feira, dezembro 09, 2009
os andaimes do mundo
"Na sua autobiografia, o arquitecto descrevia as Torres Gémeas como "uma Meca de tranquilidade na Baixa de Manhattan". Aposto o meu diploma em História da Arte em como o complexo do World Trade Center era todo ele influenciado pela arquitectura islâmica, a começar pela Grande Mesquita de Meca. Desde a escultura central, evocando a pedra sagrada da Caaba, aos delicados pilares de alumínio cujas nervuras se unem em arcos mouriscos, até ao pavimento do pátio interior desenhado radialmente como as filas dos peregrinos na hajj. (...) E a maior pista de todas estava, naturalmente, nas duas Torres Gémeas - os maiores minaretes do mundo."
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 7 de Dezembro)
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de 7 de Dezembro)
segunda-feira, dezembro 07, 2009
copenhaga
"Se não nos juntarmos para tomar uma acção decisiva, as alterações climáticas irão devastar o nosso planeta, e juntamente com ele a nossa prosperidade e a nossa segurança. Desde há uma geração que os perigos têm vindo a tornar-se evidentes. Agora, os factos já começaram a falar por si próprios: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes desde que existem registos, a camada de gelo árctico está a derreter-se, e os elevados preços do petróleo e dos alimentos no ano passado permitiram-nos ter uma antevisão de futuras catástrofes. Nas publicações científicas, a questão já não é se a culpa é dos seres humanos, mas sim quão pouco tempo ainda nos sobra para conseguirmos limitar os danos."
(Do editorial comum de 56 periódicos de diferentes países, a que o Jornal Público se associou)
domingo, dezembro 06, 2009
filmes do mês: novembro
Um mês com quatro filmes levezinhos, nenhum deles susceptível de figurar entre os melhores do ano. Destaque porém para O Delator,de Steven Soderbergh, com uma óptima interpretação de Matt Damon, e O Profeta, de Jacques Audiard, que pecou sobretudo por desnecessariamente longo. Em Moon, de Duncan Jones, vale sobretudo a banda sonora, bem mais verosímel que o argumento. E por último, 2012, de Roland Emmerich, claramente a pior das quatro películas visionadas, em que a única coisa que se aproveita são, talvez, os efeitos especiais.