quarta-feira, maio 27, 2009
terça-feira, maio 26, 2009
confiança
"Num país a sério, um partido de centro-direita também já teria percebido que as conclusões destes estudos não são nem “de esquerda” nem “de direita”, e não impedem a existência de debate ideológico e políticas alternativas. Há muitas maneiras de lidar com aquelas que se sabem ser as principais causas do crime. Há formas de combater a pobreza diferentes das políticas sociais e subsídios aos quais parte da direita ideológica se opõe. Há uma sólida agenda conservadora que pode ser avançada sobre a questão da estabilidade das famílias. O fortalecimento das normas de controlo social, obtido através do apoio a organizações culturais, de moradores e de jovens a nível local, favorecendo o estabelecimento de relações entre associações representativas de grupos étnicos e religiosos e a criação de um ambiente de confiança mútua entre as polícias e as populações não tem por que ser intrinsecamente um desígnio “de esquerda.”
(Para lá do quadro de partida que Pedro Magalhães aqui estabelece, importa igualmente pensar na questão das culturas de intervenção social dominantes. Mas, aquém delas, este é um excelente texto para compreender o que são, na realidade, os "bairros sociais" e os seus problemas).
(Para lá do quadro de partida que Pedro Magalhães aqui estabelece, importa igualmente pensar na questão das culturas de intervenção social dominantes. Mas, aquém delas, este é um excelente texto para compreender o que são, na realidade, os "bairros sociais" e os seus problemas).
segunda-feira, maio 25, 2009
domingo, maio 24, 2009
simetrias
Na entrevista concedida há dias ao "i", Vital Moreira "diz-se preocupado com o radicalismo do Bloco de Esquerda" (cito de memória). Torna-se contudo bastante fácil encontrar uma simetria desta preocupação no "minimalismo de Estado" de Vital Moreira (para não recorrer a um termo mais radical).
sábado, maio 23, 2009
joão bénard da costa
"A partir da história na tela, o Bénard criava uma outra história, que eram os seus textos. Não foram poucas as vezes que as folhas do Bénard me pareceram tão notáveis enquanto textos como os filmes a que se referiam me pareciam geniais enquanto filmes. (...) Deu-nos a ver: os filmes e os textos, as duas coisas ligadas, duas coisas autónomas, as duas coisas funcionando na cabeça dele. Não é talvez de espantar que, para ele como para mim e para muitas pessoas, a Cinemateca e a pessoa do Bénard se tenham nalguma medida confundido."
(Ex-Ivan Nunes, 21 Maio)
(Ex-Ivan Nunes, 21 Maio)
"Para ele, somos sempre os mesmos. É um leal. Está sempre connosco como se fôssemos tão frescos como ele. Puxa-nos pela manga da camisa; protege-nos da tempestade; desata a rir no meio das encrencas; arranja tabaco clandestino; deixa-nos subir para os ombros para vermos melhor; para saltar para o outro lado; mostra-nos fotografias nunca vistas, de actrizes lindas, escondidas debaixo da camisola - e faz tudo descaradamente; não se importa de ser apanhado; não tem vergonha nenhuma; é um prazer estar com ele; parece que todo o universo está em causa. É assim o João Bénard."
(Miguel Esteves Cardoso, Público, 22 Maio)
quinta-feira, maio 21, 2009
o país que se vê de lisboa
Dificilmente ocorre a alguém referir-se a Lisboa como "um concelho situado entre as serras de Sintra e da Arrábida", ou "um concelho situado entre o rio Tejo e a região do Oeste". Mas já parece normalíssima uma referência a Carregal do Sal como "um concelho situado entre as serras da Estrela e do Caramulo". Sim, lá longe, nos confins desse estranho e vasto mundo do campo, onde há muitas árvores e pedras.
quarta-feira, maio 20, 2009
ganância
Gula, avareza, luxúria, ira, preguiça, inveja e vaidade. Sete pecados mortais. A lista estava numa página solta, junto ao banco de jardim onde se sentara. Mas por mais que a que lesse, e recontasse com o dedo cada uma das ditas causas da morte de deus na alma dos homens, não o encontrava. O pecado que, juraria ele, encabeçava os restantes, servindo-lhes de raiz, alimentando-os como seiva. Talvez fosse isso mesmo. Para ser o eleito entre todos, deveria ter a invisibilidade que a desvalorização generalizada lhe concede.
segunda-feira, maio 18, 2009
domingo, maio 17, 2009
sexta-feira, maio 15, 2009
misplaced childwood
Allo Allo ■ Baretta ■ Dallas ■ Hill Street Blues ■ Il etait une fois... L'Homme ■ Jogos sem Fronteiras ■ Love Boat ■ Os Pequenos Vagabundos (Les Galapiats) ■ South Park ■ Space 1999 ■ Star Trek ■ Twin Peaks ■ Uma Casa na Pradaria (Little House on the Prairie) ■ Verão Azul ■ Yes Minister
Resposta ao desafio lançado pela Carla, sobre as quinze melhores séries das nossas vidas (the fifteen best series of our lives, como dizem os americanos). Tendo em conta o ano em que cada uma delas surgiu, a minha média dá 1977. As décadas de setenta e oitenta integram dez das quinze séries identificadas, e não é difícil concluir que o título "Era uma vez o Homem" daria hoje azo a violentas controvérsias.
Convida-se o Agrafo, o Aldeia Blogal, As Visões da Maria, o Ex-Ivan Nunes, o Individualismo Solidário, o Irmão Lúcia, o Naked Sniper, O Crime de Laio, o Palombella Rossa e as meninas Woody & Allen a fazer as suas apostas.
quarta-feira, maio 13, 2009
redenção pela água
"Num momento em que a sociedade americana se confronta com o fantasma incómodo da prática da tortura, o Pew Forum on Religion and Public Life mostra que os cristãos americanos (católicos ou evangélicos) não rejeitam essa prática. E mostra também que os/as que mais frequentam a prática litúrgica são os/as que maior índice de aprovação da tortura evidenciam. Da próxima vez que o Papa discursar em Ratisbona, não precisa de rebuscar autores antigos para mostrar que há religiões que convivem com a violência - basta que cite inquéritos de opinião do século XXI."
Palombella Rossa, num certo mês de Abril
domingo, maio 10, 2009
quinta-feira, maio 07, 2009
filmes do mês: abril
Nenhuma das três películas visionadas em Abril acaba por integrar o conjunto de melhores filmes do ano. Che - Parte 2 - A guerrilha, de Steven Soderbergh é ainda mais previsível e moroso que o anterior. This is England, de Shane Meadows, envereda progressivamente por uma linearidade e moralismo que ensombram a capacidade que o filme tem para nos recolocar no ambiente de crise económica e política (guerra das Malvinas) da Inglaterra do início dos anos 80. L'Apprenti, de Samuel Collarday, tem muitas coisas simpáticas. Mostra que as aldeias são basicamente iguais em qualquer parte do mundo e decorre segundo um ritmo e uma narrativa que quase se situam em tempo real. Mas não se aproxima, apesar das semelhanças, do magnífico Ser e Ter, de Nicolas Philibert (2002).