segunda-feira, fevereiro 14, 2011

tanto risco para uma redundância

"O meu problema não é a censura ao governo, que só pode contar com o meu apoio. São as consequências práticas desta moção. E um partido não se limita a gritar a revolta. Tem de lhe dar um caminho medindo as consequências de cada ação. Se alguém, para censurar o governo, avançar com a ideia de nos atirarmos todos ao rio eu serei contra. Porque sou menos convicto na oposição às políticas do primeiro-ministro? Não. Sou só menos maluco."

(Do post de Daniel Oliveira, no Arrastão, que vale a pena ler na íntegra)

domingo, fevereiro 13, 2011

entreter a pobreza

Uma decisão conjunta da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu estabeleceu 2010 como o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social. Exacto, 2010, um ano em grande para a agenda política das soluções recessivas à escala europeia. O ano do Cavalo de Tróia, em que o imperativo de combate ao défice nos países periféricos estabeleceu escru-pulosamente as regras da batalha: cortar nas despesas sociais e nos salários, deixando a salvo os interesses financeiros, a economia especula-tiva, a espiral do endividamento privado e a injustiça fiscal.
Seguindo as orientações da própria iniciativa comunitária, tratou-se essencial-mente de "responsabilizar e mobilizar o conjunto da sociedade", descentrando das instâncias estatais a responsabilidade colectiva no combate à exclusão social. Nada de contraditório, portanto, com o rumo austeritarista definido: conter o défice cerceando as funções sociais do Estado, sacrificando as classes com menores recursos e transmutando a lógica de direitos estabelecidos numa difusa e incerta responsabilidade da sociedade no seu todo, sem explicitamente confi-gurar, atribuir ou firmar qualquer espécie de compromisso.
Vale a pena espreitar o conjunto de iniciativas que preencheram, entre nós, a "celebração" do Ano Europeu de combate à Pobreza e Exclusão Social (AECPES) e que consumiram, aparentemente de modo exaustivo, os cerca de 700 mil euros orçamentados. São essencialmente conferências, debates, mostras e colóquios. Que envolveram sobretudo pessoas e instituições conhecedoras dos contornos da pobreza e da exclusão. Parole, parole, parole. À perplexidade que fomos sentindo ao ver os spots publicitários, a intercalar as notícias sobre os PECs e os cortes sociais, junta-se este confrangedor balanço (sobretudo no confronto com que um ano assim deveria significar). Na página portuguesa do AECPES figura a tshirt aqui ao lado. Não, não precisam fazer um desenho, já percebemos tudo.

(Postado originalmente no Ladrões de Bicicletas)

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

a vitória da verdade

"Cavaco Silva, que lá parece ter tido tempo para ler a imprensa depois das eleições, responde hoje no site da presidência às notícias que a Visão tem vindo a publicar sobre a permuta da sua casa de férias na “aldeia do BPN”. (...) Da confrontação do comunicado com a resposta da Visão percebe-se que, depois de ter tentado evitar o pagamento de sisa com uma permuta que avaliava pelo mesmo montante casas de valor notoriamente distinto, Cavaco pagou o imposto, sim, mas apenas depois de notificado pelas finanças para a existência de uma discrepância patrimonial entre os dois imóveis superior a 80 mil euros. Digamos que é assim que a modos a diferença entre cumprir a lei e ser obrigado a cumpri-la. De resto, a comparação entre as duas casas, que é possível ver no slideshow que acompanha esta notícia da Visão, é esclarecedora. Cavaco e o seu colega de infância trocaram uma casinha por um casarão. Ter sempre amigos dispostos a perder dinheiro com a sua pessoa parece ser uma das melhores qualidades do senhor professor. Que os mesmos estejam sempre ligados ao BPN será, certamente, uma coincidência."

(Pedro Sales, Arrastão)

sábado, fevereiro 05, 2011

desassossegos

"O Colóquio Portugal entre desassossegos e desafios propõe-se discutir a actual condição do país, a partir de um balanço reflexivo e prospectivo sobre as transformações que vêm marcando a situação interna de Portugal e a sua inserção internacional. As mudanças que têm vindo a desenrolar-se desde o 25 de Abril de 1974, sobre o pano de fundo dos processos de democratização, descolonização, integração europeia e modernização socioeconómica, fazem-se sentir em dois planos combinados. Por um lado, no plano interno, a acelerada modernização económica e cultural do país tem-se feito acompanhar de alterações acentuadas nas condições e nos modos de vida dos indivíduos e dos grupos sociais. Desenham- se novos protagonismos, oportunidades e expectativas de vida, mas também novos padrões de desigualdade, segmentação e exclusão social. Por outro lado, no plano externo, sob os efeitos da aceleração dos processos de globalização, do fim da presença colonial e da adesão à União Europeia, o país foi traçando novos alinhamentos internacionais. Nesse quadro, emergem novos e heterogéneos modelos de relacionamento com os países de expressão portuguesa e as antigas colónias. A compreensão aprofundada do modo como Portugal se vem reajus-tando a esta nova conjuntura é um aspecto fundamental para o entendimento da sociedade portuguesa."

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

deolinda

"Mas o que ali aconteceu foi diferente: a insatisfação de uma parte considerável da sociedade tinha encontrado maneira de se dizer. E se isso também não é novo - há quanto tempo andamos a falar de precariado, de falsos recibos verdes, de geração bloqueada? - aquele momento trouxe alguma coisa que faltava: uma linguagem simples para falar de experiências comuns."

(Miguel Cardina, Arrastão)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

redes

Cooperação científica na Europa (ou um olhar diferente sobre as cidades e redes urbanas do velho continente).
(Via João Pinto e Castro, ...Bl-g- -x-st-)