falsas virgens
"O senhor, se fosse o actual ministro das Finanças, o que iria inscrever no PEC? ■ No PEC? A primeira coisa era um plano de reformas que nunca foram feitas. Da justiça, da educação, da democracia, da anti-corrupção, do arrendamento... todas as reformas que são absolutamente essenciais para que a nossa sociedade seja minimamente atractiva (...). Porque ninguém quer investir em Portugal, onde os tribunais demoram um tempo que ninguém imagina, onde a burocracia é mais que muita, onde a corrupção parece que não existe mas é mais que muita. Onde o arrendamento não funciona (...). Portanto, tudo isto são obstáculos a que a economia funcione e a que haja quem queira investir (...). O sistema produtivo é uma mentira, forma-se uma pequena camada de gente capaz e os filhos das famílias mais desprotegidas estão liquidados no seu futuro (...) ■ O sôtor acha que as escolas têm estado a formar analfabetos? ■ Sim, praticamente, enfim, exagerando esta expressão, «analfabetos», é o que têm estado a fazer...".
Excerto da Grande Entrevista de Judite de Sousa a Medina Carreira. A pergunta concreta da jornalista era sobre as medidas que integraria no PEC. A vacuidade das respostas é o que se pode ler. Trata-se apenas de um excerto, mas toda a entrevista segue basicamente esta lógica. Medina Carreira é isto. Uma combinação de frases de diagnóstico vulgar, ditas num tom apocalíptico, com propostas nada concretas. Ou, quando concretiza, Medina Carreira é guiado pela cartilha única do corte na despesa pública (a dado passo da entrevista diz: "estive a fazer as contas (...) e nós vamos ter que retirar ao pessoal e às prestações sociais mil e trezentos milhões por ano"). Não lhe ocorrem portanto soluções alternativas (como estas, entre outras). Apenas medidas que permitam pulverizar as políticas sociais e cercear a acção do Estado. Nesse objectivo, aliás, não se acuse Medina Carreira de incompetência, como deixa a entender Medeiros Ferreira, a propósito de Cabora Bassa.
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