fazer o bem
"Há algo de fascista em ir para a rua lutar não pelos nossos direitos, mas contra os direitos dos outros. E definitivamente houve algo fascista na manifestação lisboeta pela "família verdadeira". PNR? Acção Nacional? Bandeiras negras? Acusar os homossexuais da "destruição sistemática da sociedade"? Não soa a nada? Esqueceram-se de como Hitler tratou do assunto? (...) Mas não sei o que é pior, se a organização ter acolhido um punhado de neonazis, se aqueles milhares de pais extremosos com os filhos às cavalitas, certamente convencidos de que não estavam a fazer mal a ninguém, deus os livre. (...) Impedir que os outros tenham direito ao que nós temos é fazer o bem? (...) Quem vos dá o direito de dizer à sociedade o que ela deve ser?, quem vos dá o direito de dizer à sociedade que ela seja o que já não é?, quem vos dá o direito de dizer à mãe de um homossexual que a família dela não é verdadeira? Deram-se ao trabalho de pensar no que mães, pais, filhos ou avós de homossexuais sentem ao ler os vossos cartazes? Não vêem a arrogância disto? A violência?"
(Do artigo de Alexandra Lucas Coelho, no Público de 26 de Fevereiro)
(Do artigo de Alexandra Lucas Coelho, no Público de 26 de Fevereiro)
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