sexta-feira, novembro 12, 2010

o senhor adeus

Italo Calvino teria provavelmente visto nele um senhor Palomar de carne e osso. A figura simpática que acenava aos carros em travessia da noite, junto ao Saldanha, trasformava por momentos a grande cidade numa pequena aldeia, em que todos pareciam conhecer-se. O homem que assim encontrou uma forma de espantar a solidão (essa "malvada que o perseguia por entre as paredes vazias da casa"), interrompendo subitamente a rotina de quem passava, tornara-se um símbolo peculiar de "uma cidade mais humana, menos impessoal". Morreu domingo passado, aos oitenta anos. Adeus senhor adeus.