quinta-feira, outubro 28, 2010

os cinco cavacos

"Conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo (...). O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro (...). Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil (...). O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar (...). A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco (...). O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio (...). Concorreu de novo às presidenciais (...). Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre (...). O quarto Cavaco foi Presidente (...). O Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado (...). O quarto Cavaco não é um estadista. E agora cá está o quinto Cavaco (...). Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco (...). Foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade (...). O quinto Cavaco não tem chama."

(Do excelente texto de Daniel Oliveira, no Arrastão, a ler na íntegra)