a experiência do silêncio
"Não é apenas a edição das texturas livres proporcionadas por um naipe de grandes músicos (Evan Parker, Keith Rowe, Otomo Yoshihide, Sachiko M, John Tilbury ou Fennesz) que parecem ainda mais mínimas e reduzidas. É também a voz de Sylvian que está diferente. O seu timbre e entoação quase não se alteram ao longo das nove canções. Quem guarda a recordação do cantor pop pode sair desiludido desta opção. Mas a intenção de Sylvian é clara, adoptando o papel de narrador. A voz no centro. Em redor quase silêncio, figuras electroacústicas surgindo, de vez em quando, nos intervalos. Não é um disco fácil. Não é música de fundo. Não promete a luz como se esta fosse uma receita médica. Exige atenção aos detalhes. Pode parecer frio, demasiado virado para si próprio, mas quem mergulhar nele encontrará um universo de pequenas variações, de nuances, de recantos que apetece habitar. É um disco do nada. Do nada que cresce lentamente e é capaz de criar qualquer coisa de orgânico à sua volta. Movendo-se constantemente, mas parecendo imóvel, como um quadro na parede. Não se ouve, absorve-se, mistura de nostalgia e esperança, espaço para cada um construir um lugar de quietude só para si."
(Vitor Belanciano sobre Manafon, no Público de 1 de Outubro. Entrevista aqui)
<< Home