segunda-feira, setembro 28, 2009

difícil de parte a parte

"O eleitorado não tem confiança na maioria absoluta; mas quer ser governado à esquerda. Qualquer acordo à direita será feito contra uma maioria do eleitorado. (...) Acima de tudo, não muda o partido vencedor, que é o PS. E não muda o primeiro-ministro. Mas não mudando isso, José Sócrates terá de ser um primeiro-ministro muito diferente. (...) Se quiser começar a criar um diálogo à esquerda, a conversa terá que ser séria e profunda e, não tenho dúvidas, difícil de parte a parte (três partes: PS, BE e PCP). O país continua à espera."
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de hoje)

Os próximos tempos vão ser excepcionalmente cristalinos para avaliar o sentido de responsabilidade do PS, do BE e da CDU relativamente à governabilidade do país. As primeiras reacções, de todos eles, são contudo evasivas. O PS escuda-se na vitória para não aceitar governar com o programa de outro partido. O BE e a CDU invocam o compromisso com os seus eleitores, selado com os respectivos programas, para indiciar a inviabilização de propostas do governo eleito.
Mas todos sabem que não é de nada disto que se trata. Todos sabem que a questão essencial se encontra na capacidade para estabelecer compromissos, em matérias e com o consenso que for possível, espectável e exigível.
A menos que surja uma improvável solução de coligação ou um acordo de incidência parlamentar, é esta capacidade e disponibilidade que serão a partir de agora escrutinadas, no comportamento que vierem a ter os três partidos da esquerda portuguesa com representação parlamentar.