quarta-feira, outubro 17, 2007

santa bárbara

Esta tarde a trovoada caiu Pelas encostas do céu abaixo Como um pedregulho enorme... Como alguém que duma janela alta Sacode uma toalha de mesa, E as migalhas, por caírem todas juntas, Fazem algum barulho ao cair A chuva chovia do céu E enegreceu os caminhos... Quando os relâmpagos sacudiam o ar E abanavam o espaço Como uma grande cabeça que diz que não, Não sei porquê — eu não tinha medo — Pus-me a rezar a Santa Bárbara Como se eu fosse a velha tia de alguém...
(Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos)