santa bárbara
Esta tarde a trovoada caiu ■ Pelas encostas do céu abaixo ■ Como um pedregulho enorme... ■ Como alguém que duma janela alta ■ Sacode uma toalha de mesa, ■ E as migalhas, por caírem todas juntas, ■ Fazem algum barulho ao cair ■ A chuva chovia do céu ■ E enegreceu os caminhos... ■ Quando os relâmpagos sacudiam o ar ■ E abanavam o espaço ■ Como uma grande cabeça que diz que não, ■ Não sei porquê — eu não tinha medo — ■ Pus-me a rezar a Santa Bárbara ■ Como se eu fosse a velha tia de alguém...
(Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos)
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