a igreja dos privilégios
(Do artigo de Rui Tavares, no Público de ontem):
"A Conferência Episcopal Portuguesa (...) anunciou o seu escândalo por estas razões principais: não haveria assistência [religiosa nos hospitais] fora do horário de visitas; o governo pretendia despedir os capelães que são funcionários públicos; os amigos e familiares não poderiam pedir assistência depois da entrada do doente [no hospital]." Todavia, "estas medidas não estão no diploma. Nenhuma delas (...)." É permitida "a assistência fora das horas das visitas e pedida a qualquer momento por amigos, familiares ou pelo próprio. Os empregos na função pública estão garantidos até à reforma. O Estado vai continuar a pagar a assistência religiosa. Quem não tem religião não tem direitos (em contrapartida exigirei um professor de filosofia ou um lanche reforçado pelos meus impostos). Até aqui, "mais de cem capelães são pagos nos hospitais com o dinheiro de todos os contribuintes e com acesso irrestrito a todos os doentes, católicos ou não".
Aposto que os bispos da Conferência Episcopal têm pelo menos o nono ano e sabem ler e interpretar, incluindo diplomas legais. Pergunto-me por isso, independentemente das opiniões que tenham sobre Estado e laicidade, que noção de ética mora nas suas cabeças para, despudoradamente, mentir acerca das intenções e do conteúdo da proposta de diploma do Ministério da Saúde sobre as capelanias hospitalares.
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