terça-feira, setembro 25, 2007

sempre a mesma cantiga

Também se agumentava que a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez significava uma demissão do Estado no combate à chaga social do aborto. Ou que o número de abortos iria disparar e que o o importante era apoiar a natalidade (como se tal fosse inconciliável com a despenalização), e continuar por isso a esmagar, militantemente, as consciências individuais.
Agora, perante a medida que permite distribuir seringas a toxicodependentes nas cadeias, visando diminuir os casos de contágio de doenças como a sida, a hepatite e a tuberculose (sem que o consumo e o tráfico sejam despenalizados), a argumentação segue os mesmos tramites e apenas se adapta à questão, como fica bem claro neste editorial do DN: Com a distribuição de seringas o Estado assume uma derrota (não conseguindo "travar a entrada de drogas nas cadeias, decide minimizar as suas consequências"); vai verificar-se um "aumento do consumo e do tráfico de substâncias proibidas por parte de quem está detido" (é imensa a malta que apenas aguardava por isto para se começar a injectar); e que antes da distribuição de seringas o importante era mesmo a "eliminação do tristemente famoso balde higiénico" ou a adopção de medidas tendentes a "melhorar as condições das cadeias nacionais, entre elas o drama que tem anos da sobrelotação" (o que passa a ser impossível, claro está, com a implementação desta medida).