incontinentia
Primeiro foi o processo movido a Fernando Charrua, na DREN. Agora, a exoneração de Maria Celeste Cardoso, directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, acusada pelo Ministro da Saúde, Correia de Campos, de quebra de "lealdade". Como é óbvio, estas histórias muito devem à sombria vigilância de zelosos "bufos" locais, que pedagogicamente se encarregam de demonstrar às novas gerações o que significava estar ao serviço da PIDE antes de 1974. Mas evidenciam também as susceptibilidades que reinam entre membros do governo e que, não fora a gravidade das suas consequências, seriam dignas de fazer lembrar este sketch de "A Vida de Brian", em que Pilatos se indigna com o riso que a sua dicção provoca entre os subordinados, ameaçados de ter como destino as feras do coliseu.
Para além da deriva de autoritarismo controleiro por parte do governo, que dá cada dia mais razão ao discurso proferido por Paulo Rangel nas últimas comemorações do 25 de Abril, estes casos são claros sobre as movimentações no magma subterrâneo dos aparelhos partidários locais, que reclamam os respectivos jobs para os boys. Com efeito, depois de algum pudor em reocupar de imediato a administração pública central e local, na sequência da vitória eleitoral do Partido Socialista nas últimas legislativas, qualquer pretexto serve hoje, para varrer, incontinentemente, os quadros até aqui ocupados pela outra metade do bloco central.
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