quarta-feira, fevereiro 21, 2007

a sopa

Há cerca de 15 dias concretizou-se a mudança de formato do Público. Porque não gosto de tirar conclusões precipitadas, e porque tento combater tanto quanto possível as infundadas resistências à mudança, decidi aguardar. Sobretudo para ver se o novo formato do jornal se entranhava, já que desde o primeiro dia o estranhei.
Mas o esforço foi em vão. Continuo a não lhe encontrar nem graça, nem beleza e muito menos eficácia. O Público transformou-se numa daquelas sopas que, tendo praticamente todos os ingredientes do costume, foi agora passada pela varinha mágica, tornando tudo indiferenciado e com um aspecto generalizado de vómito (mais colorido, é certo, mas com a contrapartida de agravar o aspecto de vómito). Perco tempo à procura de cada um dos legumes que antes encontrava com imensa facilidade e, por mais que tente, não lhe consigo redesenhar o mapa mental que era tão claro até aqui.
Aquele que eu considerava ser único e com uma identidade bem definida, pela qual tinha empatia, tornou-se um jornal vulgar (com a agravante das pequenas coisas imperdoáveis, como a saída de Calvin e Hobbes da última página). Se um bom exemplo fosse necessário, aí está o novo Público para demonstrar que a mudança não é um bem em si mesmo.