segunda-feira, fevereiro 05, 2007

a vida como ela é (3)

(…) Quase sou tentada a dizer que uma mulher percebe quando não se sente apta a levar avante uma gravidez. Vivia sozinha com a minha filha mais velha, não tinha uma relação estável, não iria criar laços com o pai da criança só porque ela existia. Naquele momento da minha vida assumir aquela gravidez não fazia qualquer sentido. (…) Recorri a uma parteira muito cuidadosa (…), mas na clandestinidade, claro. E esse fardo é tremendamente pesado. (…) Sabemos que a qualquer momento nos pode aparecer a polícia à frente. Se me perguntarem se tenho memórias negras desse dia muito objectivamente terei que responder que não. Tinha uma decisão assumidíssima. (…) As memórias negras que existem têm, tão somente, a ver com a revolta que sentia por não me reconhecerem o direito de fazer aquilo que tinha acabado de fazer sem aquele "ferro" de crime, por ter passado a ser, de acordo com a lei do meu país, uma criminosa.
(Relato completo em Eu Voto Sim!)