coisas deprimentes
O sofrimento da jornalista Isabel Coutinho, que decidiu ficar sete dias sem acesso às novas tecnologias (nomeadamente telemóvel e internet), relatado na Pública de ontem (estória que de resto justificou chamada à capa da revista). A ideia é interessante, não é isso que está em causa. O que causa perplexidade é a ausência de sentido da proporção das coisas e o dramatismo despudorado no modo como a jornalista descreve a terrível provação por que passou (como numa das passagens iniciais do texto: "zás (o Luís puxa o cabo de rede do meu computador). Já está? Respiro fundo e digo: "Morri."", ou quando, no final da tremenda aventura, a jornalista confessa: "Tenho um sorriso estampado na cara. Recuperei a minha vida normal.".
Bem sei que estamos em silly season, mas custa a crer que ao escrever o artigo sobre este drama da sua vidinha urbana, Isabel Coutinho nem por um momento tenha parado para pensar no que são e significam reais situações de dificuldade, provação e sofrimento, por que passam tantas pessoas de carne e osso (impedindo-a portanto de temperar a escrita).
Depois desta façanha, aguarda-se com imensa expectativa pelas próximas aventuras de situação-limite de Isabel Coutinho. Sete dias sem o comando da televisão ou igual período de tempo sem o aspirador de migalhas da cozinha.
Bem sei que estamos em silly season, mas custa a crer que ao escrever o artigo sobre este drama da sua vidinha urbana, Isabel Coutinho nem por um momento tenha parado para pensar no que são e significam reais situações de dificuldade, provação e sofrimento, por que passam tantas pessoas de carne e osso (impedindo-a portanto de temperar a escrita).
Depois desta façanha, aguarda-se com imensa expectativa pelas próximas aventuras de situação-limite de Isabel Coutinho. Sete dias sem o comando da televisão ou igual período de tempo sem o aspirador de migalhas da cozinha.
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