viagem à cidade submersa
Se Menezes consegue ou não desmantelar o Estado em 6 meses não sabemos. Mas tendo essa oportunidade, bem pode seguir as pisadas de Carlos Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
Em quatro anos (2004-08), o orçamento municipal para a cultura passou de 13 milhões para menos de 2 milhões de Euros (como ilustra o gráfico, encontrado aqui). Ou seja, uma redução superior a 80%, que na moeda antiga significa encolher um envelope de 2,6 milhões de contos/ano à magreza de cerca de 400 mil contos/ano). Mas a questão financeira é apenas o sinal mais óbvio de uma estratégia deliberada de asfixia e destruição, rumo a uma cidade submersa, fantasma e invisível.
A política seguida em Coimbra nos últimos quatro anos assenta no desprezo total pelas mais criativas e promissoras iniciativas culturais (de que são eloquentes exemplos a Escola da Noite e o Centro de Artes Visuais, entre outros). Na perseguição e enfrentamento arrogante de todas as formas de cultura capazes de colocar uma cidade no mapa, de configurar e projectar a sua vida, diversidade e identidade, de tirar partido do seu potencial (sabendo como sabemos que a cultura é hoje um dos factores decisivos para a afirmação das cidades contemporâneas).
No manto do desconhecimento mediático a que apenas Lisboa e Porto escapam, vale a pena fazer uma viagem de descoberta e perplexidade, começando por conhecer o perfil e pensamento do inenarrável vereador Mário Nunes. Siga-se então por aqui, uma das portas de acesso às diversas fontes e factos que permitem compreender como - ao longo de quatro anos - a cultura em Coimbra chegou ao estado a que chegou (e onde se pode subscrever o Manifesto "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!").
A esta agressão descarada e humilhante, desprovida de quaisquer escrúpulos e ética, alguns meios e agentes culturais têm resistido estoicamente, no limiar das suas forças. E é por isso chegado o momento de toda a cidade se erguer, repudiando a política da sua edilidade, que para todos os efeitos a representa. De pura e simplesmente não querer ser cúmplice da submersão. De dizer basta. De dizer: nunca em nosso nome.
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