o tubarão
"(...) E depois, há o medo do tubarão. Sim, leram bem: o tubarão. Porque inesperada-mente, castigando os seus adversários, Menezes diz isto: "Há dois anos, algures no deserto de Omã, deitado ao luar a olhar para as estrelas, tive tanta pena destas pseudo-elites liderantes do meu Partido, cujo único deserto a que chegaram nunca está a mais de dez quilómetros da sua casa, que nunca tiveram frio à noite, que nunca tiveram medo de um tubarão..."
(...) Não sabemos em que circunstâncias o tubarão assustou Menezes. Desconhecemos se estavam ambos no mar, ou ambos em terra, ou um no mar e outro em terra, e qual deles. Menezes parece convicto que só ele, entre as "pseudo-elites", teve alguma vez medo de um tubarão. (...) Talvez lhe baste ser o suplente de Sócrates. Ousaria ser mais, sem o trauma do tubarão? O de Spielberg era de borracha. E o seu, dr. Menezes? Se era amarelo e foi a sua mãe que o pôs na banheira, não devia ter tido tanto medo."
(Do artigo de Rui Ramos, no Público de quarta-feira, sobre o livro de Luís Filipe Menezes, Coragem de Mudar)
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