animal farm 2007
"Portugal é o país-membro [da OCDE] com 'a maior selectividade no acesso ao ensino superior'. Em Portugal é determinante a influência que o facto de os pais serem licenciados tem no acesso dos filhos a um curso superior: 'Há uma sobreposição de filhos de licenciados no superior e estes jovens têm 3,2 mais probabilidades de tirar um curso do que seria normal'. Enquanto na Espanha, Irlanda e Finlândia, esse ratio é de 1,1, ou seja não influencia e há igualdade no acesso (...).
Estes dados mostram de uma forma crua e bruta a desigualdade que se vive na sociedade portuguesa (...) [e] vêm completar os indicadores que dizem que Portugal é o país com maior fosso entre pobres e ricos (...). Mas tão ou mais grave, em termos de desigualdade social, é o facto de este estudo [Education at a Glance 2007] demonstrar que há, por assim dizer, uma reprodução de classe em Portugal. Ou seja, a sociedade não permite igual acesso em igualdade de circunstâncias e com igualdade de oportunidades a todos os seus cidadãos, impedindo assim a mobilidade social que é própria das democracias (...).
Esta realidade é ainda mais chocante quando o discurso que se ouve do poder e dos partidos de poder em Portugal é um discurso cada vez mais elitista e ainda mais segregador (...), de ataque ao ensino público, como tem sido feito por alguns dirigentes político-partidários. Quando, face à barreira constitucional da privatização absoluta do ensino, surgem formas de privatização encapotada, como a ideia de que o Estado pague e delegue o ensino dos cidadãos a instituições privadas, através de mecanismos como, por exemplo, o cheque-ensino. Mas em que, claramente, é assumido que este financiamento é uma parcela do que as instituições privadas, de facto, cobrariam, abrindo campo a maior discriminação."
(Do artigo de São José Almeida no Público de hoje, um dos 365 dias do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos)
Estes dados mostram de uma forma crua e bruta a desigualdade que se vive na sociedade portuguesa (...) [e] vêm completar os indicadores que dizem que Portugal é o país com maior fosso entre pobres e ricos (...). Mas tão ou mais grave, em termos de desigualdade social, é o facto de este estudo [Education at a Glance 2007] demonstrar que há, por assim dizer, uma reprodução de classe em Portugal. Ou seja, a sociedade não permite igual acesso em igualdade de circunstâncias e com igualdade de oportunidades a todos os seus cidadãos, impedindo assim a mobilidade social que é própria das democracias (...).
Esta realidade é ainda mais chocante quando o discurso que se ouve do poder e dos partidos de poder em Portugal é um discurso cada vez mais elitista e ainda mais segregador (...), de ataque ao ensino público, como tem sido feito por alguns dirigentes político-partidários. Quando, face à barreira constitucional da privatização absoluta do ensino, surgem formas de privatização encapotada, como a ideia de que o Estado pague e delegue o ensino dos cidadãos a instituições privadas, através de mecanismos como, por exemplo, o cheque-ensino. Mas em que, claramente, é assumido que este financiamento é uma parcela do que as instituições privadas, de facto, cobrariam, abrindo campo a maior discriminação."
(Do artigo de São José Almeida no Público de hoje, um dos 365 dias do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos)
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