domingo, abril 25, 2010

grândola

Ouvi esta versão pela primeira vez numa noite de Junho, na Fábrica do Braço de Prata (onde nesse dia também esteve o Slavoj Žižek, mas isso agora não interessa). Mais tarde no Castelo de São Jorge, também no Verão. Nas duas noites, um vento quente levava e trazia os pianos. A melodia irrompe com a força primaveril de uma cascata, removendo o mais leve indício de poeira que pudesse distanciar o passado do presente. Mas faz-se acompanhar por um fundo compassado e grave, por vezes em contratempo, que carrega a atmosfera com uma densidade fúnebre. A interpretação de "grândola, vila morena", de Mário Laginha e Bernardo Sassetti, impressiona pela forma como, intencionalmente, oscila entre o renascer e a elegia.