economia (e política) do medo
"Não há moeda única segura sem orçamento federal redistributivo com peso, sem dívida pública europeia (euro-obrigações), sem convergência na fiscalidade e na regulação robusta do sector financeiro e com um BCE que pode ajudar os bancos, mas não pode ajudar os Estados que tiveram de segurar as economias no contexto de uma crise financeira global causada pelos bancos (estatutos…). Não há moeda única segura enquanto o financiamento dos Estados em crise depender dos humores dos mercados financeiros liberalizados, do turbilhão da especulação ou de linhas de crédito público a taxas de juro elevadas e com condições de ajustamento geradoras de depressão (isto é pior do que os desastrosos planos do FMI dos anos oitenta e noventa porque nem sequer existe a hipótese da desvalorização cambial). Não há moeda única segura enquanto coexistirem excedentes e défices exagerados nas relações comerciais como resultado da aposta da burguesia alemã na competitividade obtida por via da compressão salarial. Na Alemanha, onde os salários já são elevados e onde existe um Estado Social robusto, esta estratégia de promoção das exportações à custa dos défices das periferias é mais fácil de aceitar pelos trabalhadores (a ameaça de deslocalização empresarial para leste também ajuda à “persuasão”: sempre a economia do medo), mas, mesmo na Alemanha, esta estratégia não tem gerado grandes resultados em termos de crescimento."
(Do post de João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas)
(Do post de João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas)
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