quarta-feira, abril 29, 2009

gps

Ao seguir de modo estrito as informações precisas do gps, alternando o olhar entre a estrada e o aparelho, reduzia os lugares a pontos e as estradas a linhas, muito para além do que um mapa o faz. A paisagem que ficava do lado de fora do vidro ia-se perdendo, subconscientemente ignorada. Em termos práticos, era como se as árvores, as casas, o céu azul pontuado por nuvens, as colinas rochosas, os povoados e os prados verdes desse início de primavera não existissem. Não estava pois verdadeiramente "em viagem", mas sim numa espécie de túnel galáctico entre planetas, atravessando a escuridão do espaço que se interpõe entre eles. Com toda a precisão que um gps tem. Com todo o desconhecimento que essa precisão produz.