o belo e o amargoso
Estacionou a banca na esquina da rua, uma espécie de carrinho-de-mão de madeira, que continha as frutas para vender. Os morangos ocupavam mais de metade do espaço, amontoados numa pirâmide onde sobressaía o vermelho. "Um euro o quilo", dizia em voz alta a mulher de avental numa cadência certa, apenas suspensa pelo atendimento de um ou outro freguês. "São doces?...", perguntou uma jovem, com os olhos em dúvida pousados no encarnado da fruta. "São doces", respondeu de uma forma aparentemente desinteressada a mulher de avental, enquanto com uma pá tentava combinar rapidez e cuidado na recolha dos morangos. E acrescentou: "São feios mas são doces...". Para depois ditar a sentença definitiva: "São como as mulheres... feias mas doces... Porque quando são bonitas são amargosas".
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