sexta-feira, novembro 16, 2007

zeitigeist

"A geração dos meus pais teve que lidar com a II Guerra Mundial, o que tem uma dimensão diferente. Penso que todas as gerações têm fantasmas com que lidar. A nossa manifestava-se em questões culturais, o que foi libertador. Nunca fui punk, mas o punk libertava realmente. Dava inspiração às pessoas para criar, para começar qualquer coisa. O Tony Wilson [um dos proprietários da Factory, editora dos Joy Division] tinha uma óptima citação acerca disso: "A atitude da geração punk era 'vai-te foder', a da pós-punk era 'estou fodido'". Eu pertencia ao lado 'estou fodido'. Como tal, tinha uma ligação emocional a todo esse movimento pós-punk e, especificamente, aos Joy Division. Ainda que não entendesse as letras, senti que eles capturavam o "zeitigeist". Não precisava de as perceber, sentia-se o peso daquilo que cantavam na voz de Ian Curtis, nos sons que acompanhavam a música, no imaginário do primeiro álbum, que envolvia uma grande dose de mistério."

(Da entrevista de Mário Lopes a Anton Corbijn, o realizador de Control, no Público de hoje)