compromisso moral (1)
(do artigo de José Vítor Malheiros, no Público de hoje)
“ (…) Como se pode dizer, como Shimon Peres, ‘não gostamos de ver uma criança tornar-se numa vítima de guerra, mas…’, seja o que for que vem depois do ‘mas’?
No diálogo com o Ocidente o Governo israelita usa a carta do seu regime democrático mas recusa o compromisso moral que está na base da democracia: tentar, com todas as forças, resolver os seus conflitos por meios pacíficos. Aí escolhe a pena de talião – sem se aperceber de que traz com ela o anátema da identificação com o adversário. Se a pena de talião fosse aplicada apenas aos que atacam Israel, Israel poderia ter argumentos. Mas quando essa vingança se alastra aos pais, aos vizinhos e aos filhos dos vizinhos dos seus inimigos, quando a vingança substitui a moralidade e se transforma no quotidiano da acção de um regime, isso apenas significa que a banalidade do mal infectou quase todo um povo – quase todo, porque ainda há homens e mulheres de boa vontade que restam em Israel – e o Kaddish que dizemos pelas crianças libanesas, palestinianas e israelitas se transformou na oração de defuntos pelas almas de seus pais”.
“ (…) Como se pode dizer, como Shimon Peres, ‘não gostamos de ver uma criança tornar-se numa vítima de guerra, mas…’, seja o que for que vem depois do ‘mas’?
No diálogo com o Ocidente o Governo israelita usa a carta do seu regime democrático mas recusa o compromisso moral que está na base da democracia: tentar, com todas as forças, resolver os seus conflitos por meios pacíficos. Aí escolhe a pena de talião – sem se aperceber de que traz com ela o anátema da identificação com o adversário. Se a pena de talião fosse aplicada apenas aos que atacam Israel, Israel poderia ter argumentos. Mas quando essa vingança se alastra aos pais, aos vizinhos e aos filhos dos vizinhos dos seus inimigos, quando a vingança substitui a moralidade e se transforma no quotidiano da acção de um regime, isso apenas significa que a banalidade do mal infectou quase todo um povo – quase todo, porque ainda há homens e mulheres de boa vontade que restam em Israel – e o Kaddish que dizemos pelas crianças libanesas, palestinianas e israelitas se transformou na oração de defuntos pelas almas de seus pais”.
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