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Pergunto-me o que sentenciaria o situacionismo dos nossos dias na sociedade e na Igreja - igualmente cinzento, bem-comportado, obediente, razoável - se fosse apagada a data da carta de D. António, e se ela fosse apresentada como tendo sido expedida ontem. Como reagiria o situacionismo que domina por aí ao ler que «na situação presente, é quase fatal que o operariado veja, como vê, no Estado o aliado do patronato?
». Como reagiriam os novos guardiães do pensamento único ao lerem que «se o equilíbrio financeiro é óptimo, nunca deve deixar de estar ao serviço do homem
»? Que pena estabeleceriam os novos sacerdotes da passividade católica para o crime de escrever que «um financismo à outrance (…), invertido num economismo despótico (…), não podia deixar de resultar (…) em benefício dos grandes contra os pequenos e finalmente na opressão dos pobres
»?"
(Da intervenção de José Manuel Pureza no Acto Cívico de Memória dos 50 anos da carta de D. António Ferreira Gomes a Salazar)
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