quinta-feira, julho 10, 2008

look at them, bloody protestants

(Monty Phyton, The Meaning of Life, 1983)

Quando interpelado relativamente à recente decisão da igreja anglicana sobre o acesso das mulheres ao sacerdócio, e quanto ao papel da mulher na igreja católica, Dom Jorge Ortiga recorre a uma espécie de teologia da negação, da vacuidade e da acusação. As suas afirmações (umas infundadas, outras intencionalmente esotéricas e incompreensíveis), fazem lembrar o sketch do casal de protestantes em O Sentido da Vida, na qual o marido se vangloria de não ter (como os católicos) restrições morais à compra e uso de preservativos (embora na prática essa vantagem moral se torne irrelevante, na medida em que - como os católicos - não os adquire nem lhes dá uso).

Dom Ortiga considera, quanto à possibilidade de ordenação de sacerdotes do sexo feminino, que “não existe uma vontade nesse sentido” por parte dos crentes (contrariando portanto o resultado de sondagens que vão exactamente no sentido oposto). Ou seja, afinal a Igreja até está mortinha por ordenar mulheres e apenas as retrógradas massas de fiéis são insensíveis a esse avanço civilizacional. Depois surge a argumentação transcendente, através de frases como: “o pensar da Igreja e do Papa é reconhecer a complementaridade dos ministérios”, não deixando Ortiga de concordar que “haverá um ou outro movimento feminista” a defender a causa. Apenas uma questão de feminismo, portanto. Para rematar, a auto-justificação com o adversário: “Mesmo no seio da comunidade anglicana, essa questão não é muito pacífica”.

"Wife: Have you got one?
Husband: Have I got one? Well, no. But I go down the road, anytime I want, and walk in the Harrisson, hold my head up high and say in a loud steady voice: Harry, I want you sell me a condom."