quinta-feira, novembro 01, 2007

educação e igualdade de oportunidades (I)

Os que têm vindo a defender, desde há uns anos a esta parte, a elaboração dos rankings de escolas do ensino secundário, não previram certamente algumas das ilacções que hoje se podem extrair com uma consistência cada vez maior deste exercício, e que precisamente decorrem da discussão que os próprios rankings vieram permitir.
Aquela que é porventura uma das conclusões mais evidentes, e que apenas terá surpreendido os adeptos indefectíveis deste processo, reside na constatação (cada vez mais demonstrada) de que o ranking é muito mais a revelação de uma fotografia dos contextos territoriais, sociais, económicos e culturais em que cada estabelecimento de ensino se insere, e muito menos um retrato do trabalho desenvolvido por cada escola.
De facto, quem julgou que este mecanismo possibilitaria uma avaliação fidedigna das escolas e do seu desempenho (por se centrar nos resultados dos exames, e portanto no "final do processo"), pode assumir o desengano com crescente fundamento. O mundo que o ranking ilumina é essencialmente o mundo das realidades sociais, o mundo dos contextos e das condições de vida e de estudo dos alunos. É o mundo das diferenças de background familiar, das distâncias, tempos e formas de mobilidade entre a casa e a escola. É o mundo dos rendimentos diferenciados das famílias e do distinto acesso a recursos de conhecimento, entre outros factores.
Os rankings avaliam muito mais o meio social do que a escola, sendo essa a sua verdadeira utilidade, ao colocarem em relevo a questão pública que realmente importa: em que medida se cumpre o papel inigualável do sistema educativo na promoção da igualdade de oportunidades?