o pec adicional
O governo anunciou mais um pacote adicional de austeridade, o PEC IV, na linha dos anteriores: cortes nas pensões, «poupanças adicionais» na saúde, «redução adicional» da despesa com prestações sociais, revisão adicional das indemnizações por cessação do contrato de trabalho e das condições de atribuição do subsídio de desemprego. Entre outras medidas de redução adicional da despesa figuram ainda as «reformas no sistema educativo» e no «sistema científico e tecnológico», feitas respectivamente em nome - pois claro - da «melhoria do sucesso escolar» e do «perfil competitivo da economia portu-guesa».
Os economistas da recessão congratulam-se com a manutenção do rumo e, tal como em episódios passados, não tardarão a vaticinar a necessidade de novos PECs - à imagem e semelhança deste e dos anteriores - para que o abismo austeritário prossiga a sua marcha. Para além das omissões quanto à desigualdade na distribuição dos sacrifícios, às disfuncionalidades da governação económica europeia e à face especulativa do sistema financeiro, estes economistas persistem em não responder a algumas perguntas simples: Como pode o reforço imparável da anemia económica, do desemprego e da quebra do consumo gerar crescimento? Como se supõe que a trajectória recessiva inspire confiança nos mercados, de modo a fazer descer os juros da dívida e criar condições para cumprir as metas do défice? Como explicam que a terapia doentiamente obstinada que defendem (e que tem sido seguida desde o início da crise) contrarie de forma sistemática os resultados esperados?
(*) Tendo em vista uma melhor visualização dos dados, as percentagens relativas ao «indicador de clima económico» e «perspectivas de poupança das famílias» foram convertidas numa escala de 0 a 10. Os dados são do INE e do Banco de Portugal.
(Postado originalmente no Ladrões de Bicicletas)
Os economistas da recessão congratulam-se com a manutenção do rumo e, tal como em episódios passados, não tardarão a vaticinar a necessidade de novos PECs - à imagem e semelhança deste e dos anteriores - para que o abismo austeritário prossiga a sua marcha. Para além das omissões quanto à desigualdade na distribuição dos sacrifícios, às disfuncionalidades da governação económica europeia e à face especulativa do sistema financeiro, estes economistas persistem em não responder a algumas perguntas simples: Como pode o reforço imparável da anemia económica, do desemprego e da quebra do consumo gerar crescimento? Como se supõe que a trajectória recessiva inspire confiança nos mercados, de modo a fazer descer os juros da dívida e criar condições para cumprir as metas do défice? Como explicam que a terapia doentiamente obstinada que defendem (e que tem sido seguida desde o início da crise) contrarie de forma sistemática os resultados esperados?
(*) Tendo em vista uma melhor visualização dos dados, as percentagens relativas ao «indicador de clima económico» e «perspectivas de poupança das famílias» foram convertidas numa escala de 0 a 10. Os dados são do INE e do Banco de Portugal.
(Postado originalmente no Ladrões de Bicicletas)
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