a histeria de lagos
"A criança desaparecida é inglesa, branca, filha de médicos bem integrados na comunidade, seguramente pessoas estimáveis, que pagam impostos e contribuem para o progresso do seu país. Mas outras crianças oriundas de territórios menos favorecidos, com pais menos integrados, desaparecem, morrem ou são raptadas todos os dias aos milhares por esse mundo fora. Mesmo em Portugal, isso vem acontencendo, infelizmente, com alguma regularidade. Citando de novo o Público, no meritório texto que divulgou, em 2006 desapareceram em Portugal 31 crianças, mais de metade das quais com idades entre os 11 e os 15 anos. Apesar disso, não vi helicópteros e aviões fretados por canais de televisão, centenas de polícias e de cães mobilizados, embaixadores a fazer declarações no meio de ambulâncias, o Presidente da República a ser solicitado para declarações públicas (...). Mas os media, britânicos ou portugueses (...), estão-se nas tintas, porque manifestamente é mais perigoso e dá menos audiências relatar a tragédia cósmica de Darfur do que descrever em directo os pormenores do drama familiar de Lagos."
(Do artigo de José Miguel Júdice, no Público de 11 de Maio)
(Do artigo de José Miguel Júdice, no Público de 11 de Maio)
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