segunda-feira, julho 14, 2003

closer

Aproximação densa e envolvente. Descoberta profunda e imperceptivelmente discreta. Mundo fechado e insondável. Frestas de inteligibilidade. Como se a palavra traduzisse a natureza ambígua dos universos que somos e em que nos movemos.
Sepulcro petrificado. Feixes de luz cinzenta que iluminam de modo esparso, mas intenso, toda a escuridão. Fazendo irromper a serenidade esmagadora e inerte de um Cristo morto e de uma Madalena ajoelhada. Rosto mergulhado no chão, para onde escorrem os cabelos em repouso.
Aconchego do desalento lúcido da mulher ajoelhada, que agradece o conforto tocando a mão pousada no seu ombro, coberto pela túnica. Olhar perdido na expressão do tal Cristo sem traços de vida nem divindade.
Densidade e leveza, mistério e conhecimento. Isolamento pétreo e a mais cálida das proximidades. Sintonia com os ecos que lembram o interior de claustros e catedrais em fins de tarde, quando a nostalgia da luz é vertida pelos vitrais.
Dito assim parece triste e desolador, mas é o âmago profundo e pleno das coisas que emerge. Closer.